ATA DA VIGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 15-4-2004.
Aos quinze dias do mês de abril de dois mil e
quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a
segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Beto
Moesch, Carlos Alberto Garcia, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Haroldo de
Souza, João Antonio Dib, Margarete Moraes, Maria Celeste, Pedro Américo Leal,
Renato Guimarães, Sofia Cavedon e Wilton Araújo. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Almerindo Filho, Carlos Pestana, Cassiá Carpes,
Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal, Ervino Besson,
Gerson Almeida, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos
Nedel, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir
Caetano. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou
abertos os trabalhos. Na ocasião, face à inexistência de quórum deliberativo,
deixaram de ser votadas as Atas da Sétima Sessão Solene e da Primeira Sessão
Especial. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, os
Pedidos de Providências nos 796 e 797/04 (Processos nos 2099 e 2100/04,
respectivamente); pelo Vereador João Antonio Dib, os Pedidos de Providências
nos 733 e 737/04 (Processos nos 1942 e 1897/04, respectivamente); pelo Vereador
João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 782, 783, 784, 785, 786, 787,
788, 789, 790, 791, 792, 793, 807, 808, 809, 810, 811, 812, 813, 814, 815 e
816/04 (Processos nos 2085, 2086, 2087, 2088, 2089, 2090, 2091, 2092, 2093,
2094, 2095, 2096, 2117, 2118, 2119, 2120, 2121, 2122, 2128, 2129, 2130 e
2131/04, respectivamente); pela Vereadora Maristela Maffei, o Projeto de
Resolução nº 062/04 (Processo nº 1901/04); pelo Vereador Nereu D’Avila, o
Pedido de Informações nº 050/04 (Processo nº 1890/04); pelo Vereador Raul
Carrion, o Projeto de Lei do Legislativo nº 060/04 (Processo nº1462/04) e o
Projeto de Resolução nº 063/04 (Processo nº 1980/04). Na oportunidade, foi
apregoada Comunicação do Vereador João Antonio Dib, informando os motivos de
sua ausência na Vigésima Segunda Sessão Ordinária. Ainda, foram apregoados os
seguintes Requerimentos, deferidos pela Senhora Presidenta: de autoria da
Vereadora Clênia Maranhão, solicitando retirada de tramitação da Emenda nº 09
aposta ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/03 (Processo nº
5347/03); de autoria do Vereador Valdir Caetano, solicitando a retirada de
tramitação das Emendas nos 06 e 07 apostas ao Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 010/03 (Processo nº 5347/03). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios
nos 536, 625, 628, 732, 796 e 969/04, do Senhor Reginaldo Muniz Barreto,
Diretor-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, a
Senhora Presidenta concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Maurício
Caetano Melo de Aguiar, Presidente da Associação dos Moradores Amigos do Bairro
Vila Nova – AMABVN, que expôs a situação de cento e quarenta e nove famílias
desalojadas de área localizada na Rua Atílio Superti, lembrando problemas
enfrentados por essas pessoas em função dessa desocupação. Também, propugnou
pela cedência de local apropriado para instalação dessa comunidade, em respeito
a acordo firmado entre as famílias, o Governo Estadual, o Departamento
Municipal de Habitação e a Caixa Econômica Federal. Na ocasião, nos termos do
artigo 206 do Regimento, os Vereadores Carlos Alberto Garcia, João Antonio Dib,
Elói Guimarães, Renato Guimarães, Wilton Araújo, Haroldo de Souza e Ervino
Besson manifestaram-se acerca do assunto tratado em Tribuna Popular. A seguir,
a Senhora Presidenta registrou a presença do Padre Olavo Moesch, da Paróquia
São Jorge, integrante do Conselho Pastoral Paroquial, convidando-o a integrar a
Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra a Sua Senhoria, que discorreu acerca
do transcurso da 51ª Festa de São Jorge, observando a importância desse evento
na história da Paróquia São Jorge e lembrando a participação constante da
população carente na Igreja nessas ocasiões. Ainda, relatou a vida de São Jorge
e ressaltou que, embora a existência do Santo não seja comprovada, a Igreja
Católica respeita a tradição popular sobre ele. Em seguida, a Senhora
Presidenta concedeu a palavra ao Vereador Carlos Alberto Garcia, que, em nome
da Casa, saudou a presença do Padre Olavo Moesch. Na oportunidade, constatada a
existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Beto Moesch,
solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, sendo iniciado
o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o transcurso do
qüinquagésimo aniversário do Colégio de Aplicação – Escola de Ensino
Fundamental e Médio, nos termos do Requerimento nº 019/04 (Processo nº
0542/04), de autoria do Vereador Pedro Américo Leal. Compuseram a Mesa: a
Vereadora Margarete Moraes, Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre; o
Senhor Jorge Luiz Day Barreto, Diretor do Colégio de Aplicação; o professor
Aldo Antonello Rosito, representando a Senhora Wrana Maria Panizzi, Reitora da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS; o Major Maurício Martins
Alves, Diretor do Colégio Tiradentes da Brigada Militar – CTBM, representando o
Comando Geral da Brigada Militar; o 1º Tenente Rafael Dalle Molle,
representando o 5º Comando Aéreo Regional – COMAR; o Vereador João Carlos
Nedel, 1º Secretário deste Legislativo. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Pedro
Américo Leal saudou o aniversário de cinqüenta anos do Colégio de Aplicação,
citando as condições precárias dessa escola na data de sua fundação e elogiando
a evolução à qualidade de ensino apresentada atualmente. Ainda, discorreu sobre
a relação existente entre professores e alunos e lembrou os diversos anos em
que Sua Excelência trabalhou como docente em instituições de ensino de Porto
Alegre. Na ocasião, a Senhora Presidenta registrou as presenças do professor
Fernando Setembrino Meirelles, Pró-Reitor de Extensão da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, e da professora Vera Moraes, ex-Diretora do Colégio de
Aplicação. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador João Carlos Nedel ressaltou o
preceito constitucional que afirma ser a educação direito de todos e dever do
Estado, definindo-a como base do alvo maior da atividade política e social: o
bem comum. Nesse sentido, parabenizou o compromisso do Colégio de Aplicação na
formação de cidadãos críticos e comprometidos com a construção de uma sociedade
mais justa, desejando que tivéssemos um número maior de escolas com esta
postura. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia cumprimentou
a iniciativa desta Casa em homenagear o transcurso do qüinquagésimo aniversário
do Colégio de Aplicação e saudou a presença de ex-colegas de Sua Excelência, presentes
à Mesa dos trabalhos, para prestigiar esta solenidade. Nesse contexto,
salientou a qualidade do ensino do Colégio de Aplicação, destacando também o
Colégio Tiradentes, como exemplos de instituições que oferecem serviços de
qualidade, em âmbito Federal e Estadual. Em continuidade, a Senhora Presidenta
concedeu a palavra aos Senhores Aldo Antonelo Rosito e Jorge Luiz Day Barreto,
que destacaram a importância do registro hoje feito por este Legislativo, com
referência ao transcurso do qüinquagésimo aniversário do Colégio de Aplicação.
Às quinze horas e quarenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quinze horas e cinqüenta minutos, constatada a
existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Clênia Maranhão
reportou-se à decisão do Supremo Tribunal Federal – STF, que decidiu sobre a
composição das Câmaras Municipais, comentando a possibilidade de que a Câmara
Municipal de Porto Alegre tenha mais dois Vereadores a partir do próximo ano.
Também, abordou aspectos da Constituição Federal que versam sobre as
competências dos Municípios, mencionando a relevância dos Parlamentos
Municipais para a vida política do País. O Vereador João Antonio Dib
manifestou-se contrariamente ao aumento do número de Vereadores no Município de
Porto Alegre, externando sua posição de inconformidade com essa decisão. Ainda,
registrando que, quando foi eleito Vereador pela primeira vez, este Legislativo
contava com apenas vinte e um Vereadores, protestou contra a presença de
comitiva de Deputados Federais em visita à Cidade, com a finalidade de
defenderem a ampliação do número de Vereadores. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Dr. Goulart referiu-se ao lançamento da "Cartilha Demográfica – O
Controle da Natalidade", pelo Arcebispo Metropolitano Dom Dadeus Grings,
discorrendo sobre esse assunto e examinando a importância dos métodos
anticoncepcionais na área da saúde pública. Ainda, leu textos dessa Cartilha,
elogiando a atitude de Sua Reverência em não condenar totalmente o uso de métodos
contraceptivos. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Elias Vidal manifestou sua
posição contrária ao teor do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
010/03, que fixa alíquotas de contribuição previdenciária para fins de custeio
do regime próprio de previdência social dos servidores públicos municipais.
Também, comentou matéria publicada no jornal Zero Hora do dia treze de abril do
corrente, intitulada “Ministro admite uso de forças armadas no Rio". O
Vereador Elói Guimarães argumentou que o aumento nas alíquotas de contribuição
previdenciária dos servidores públicos municipais não é cabível, alegando ser
demasiadamente alta a alíquota de onze por cento proposta pelo Executivo
Municipal. Nesse contexto, opinou que o Congresso Nacional aprovou alterações em
desacordo com a Constituição Federal que alteram o Regime Geral de Previdência,
especialmente em relação aos aposentados do Brasil. O Vereador Isaac Ainhorn
comentou sua atuação como Vereador deste Legislativo, registrando que a Bancada
do Partido Democrático Trabalhista buscará a rejeição do Projeto de Lei
Complementar do Executivo n° 010/03. Ainda, solicitou a retirada de faixas
trazidas pelos municipários, consideradas, por Sua Excelência, agressivas aos
Parlamentares, e, finalizando, declarou que, nas próximas eleições municipais,
a comunidade porto-alegrense deverá votar em candidatos de oposição ao atual
Governo Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo
classificou como injusto o dispositivo constitucional vigente, que restringe a
autonomia municipal no que ser refere à fixação de alíquotas previdenciárias,
salientando o aprofundamento das discussões, nesta Casa, da matéria.
Finalizando, informou que votará por alterações do Projeto de Lei Complementar
do Executivo nº 010/03, com a fixação de índices menores para os valores a
serem pagos para a Previdência Municipal. EM GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora
Sofia Cavedon teceu considerações sobre o trabalho realizado por Sua Excelência
quando esteve à frente da Secretaria Municipal da Educação. Também, afirmou que
a gestão do Partido dos Trabalhadores junto ao Governo Municipal é marcada pela
democracia e participação popular, citando o Programa de Orçamento
Participativo vigente no Município e enfatizando a presença dos funcionários
públicos na construção da realidade porto-alegrense atual. O Vereador Guilherme
Barbosa, contestando críticas ao Partido dos Trabalhadores hoje efetuadas por
Vereadores deste Legislativo, apresentou dados relativos ao desenvolvimento de
Porto Alegre nos últimos dezesseis anos, ressaltando melhorias observadas na
Cidade, especialmente nas áreas de saneamento básico e habitação. Ainda,
comentou a ocupação de área do Morro do Osso por grupos de índios caingangues e
analisou o Projeto de Lei Complementar do Executivo 010/03. Em COMUNICAÇÕES, o
Vereador Aldacir Oliboni traçou paralelo entre a situação atual do sistema de
saúde pública da Cidade e aquela vigente por ocasião da primeira posse do
Partido dos Trabalhadores à frente do Governo Municipal, asseverando que Porto
Alegre hoje é referência em termos de atendimento médico. Nesse sentido,
mencionou o Projeto de Lei do Legislativo n° 048/04, de sua autoria, que dispõe
sobre a instalação de aparelho desfibrilador cardíaco em locais públicos. O
Vereador Ervino Besson saudou a presença de representantes dos municipários,
que se encontram na Casa para acompanhar a apreciação do Projeto de Lei
Complementar do Executivo n° 010/03. Também, lembrando o tema da Campanha da
Fraternidade deste ano, leu trechos de matéria publicada no jornal Zero Hora do
dia quatorze de abril do corrente, intitulada “Seca deve durar 90 dias”, e
comentou foto publicada nesse periódico, acerca do lixo acumulado em arroios da
Cidade. O Vereador Pedro Américo Leal citou reunião realizada por Secretários
Estaduais responsáveis pelo setor de segurança pública com o Ministro da
Justiça, na busca de liberação de verbas para Projetos ligados ao combate à
violência no País. Ainda, analisou competências federais e estaduais quanto ao
tema, criticando as políticas para combate à violência seguidas pelos Senhores
Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto Presidentes da
República. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal deu
continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, dissertando sobre políticas
de segurança pública vigentes no País, defendendo o uso de critérios técnicos e
não políticos para definição dos titulares de cargos nesse setor. Finalizando,
afirmou que a população se encontra amedrontada, criticando a aprovação, pelo
Congresso Nacional, do Estatuto do Desarmamento, de autoria do Deputado Federal
Luiz Eduardo Greenhalgh. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Helena Bonumá destacou a
necessidade de uma análise aprofundada do tema da segurança pública, para que
sejam encontradas as causas reais da criminalidade, citando a relação entre
violência, narcotráfico e crime organizado. Sobre o assunto, apoiou políticas
preventivas que favoreçam as populações socialmente vulneráveis e mencionou que
os Municípios têm a possibilidade constitucional de realizarem ações nesse
sentido. O Vereador Reginaldo Pujol anunciou sua posição quanto ao Projeto de
Lei Complementar do Executivo n° 010/03, lamentando críticas e manifestações de
desagrado que recebeu ontem por parte de representantes da categoria
municipária. Ainda, prestou esclarecimentos acerca de pronunciamento
anteriormente efetuado por Sua Excelência, em que é citada legislação federal
vigente, que vincula a alíquota previdenciária municipal e estadual aos valores
definidos em nível federal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol
deu continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, analisando a
possibilidade de concessão de reajustes salariais aos municipários
porto-alegrenses, como forma de compensar a exigência constitucional de
alíquotas previdenciárias vinculadas entre os três níveis governamentais.
Também, declarou que o Projeto de Emenda à Constituição nº 227/04 não
restabelece aos Municípios o direito de legislar sobre a matéria. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador Renato Guimarães contrapôs-se à política de segurança
pública adotada pelo Governo Estadual, contestando, especialmente, ações
realizadas na Cidade pela Polícia Civil, em conjunto com a Brigada Militar, de
recolhimento de moradores de rua e condução dos mesmos para identificação
policial. Finalizando, lembrou os Projetos “Migrante” e “Família Cidadã”,
vigentes na época em que o Senhor Olívio Dutra era Governador do Estado. O
Vereador Sebastião Melo replicou críticas efetuadas pelo Vereador Renato
Guimarães ao Governo Estadual, afirmando que o Senhor Luiz Inácio Lula da
Silva, como Presidente da República, optou por uma linha de atuação atrelada ao
Fundo Monetário Internacional. Ainda, questionou a oportunidade e os reais
objetivos de Edital publicado pelo Governo Municipal, de licitação para compra
de equipamentos para automatização do processo de coleta de lixo na Cidade. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo classificou como equivocada a
Reforma da Previdência ocorrida no País, abordando aspectos dessa Reforma que
considera prejudiciais à população. Nesse sentido, contestou alíquota constante
no Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 010/03, propugnando pela
retirada de tramitação desse Projeto, pelo Executivo, ou pela sua votação
imediata, para que seja dada continuidade à apreciação das demais matérias
pendentes nesta Casa. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Gerson Almeida discorreu
sobre políticas defendidas pelo Partido dos Trabalhadores em termos de gestão
pública, apoiando a atuação do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva à frente do
Governo Federal e analisando propostas em debate no País, de combate à
violência urbana. Também, comentou linhas seguidas pelo Senhor Germano Rigotto
junto ao Governo Estadual, citando como exemplo a reivindicação do magistério
público por melhorias salariais. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em
1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 025/97, discutido
pelos Vereadores João Antonio Dib, João Carlos Nedel e Renato Guimarães, os
Projetos de Lei do Legislativo nos 078/91, discutido pelos Vereadores João
Antonio Dib, Renato Guimarães e Carlos Alberto Garcia, 073 e 077/04, este
discutido pelo Vereador João Antonio Dib, e 072/04, discutido pelos Vereadores
João Antonio Dib, João Carlos Nedel e Guilherme Barbosa; em 2ª Sessão, o
Substitutivo nº 01 ao Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 001/04, os Projetos
de Resolução nos 058 e 059/04; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo
nos 048, 065, 066, 070 e 067/04, este discutido pelo Vereador Carlos Alberto
Garcia, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 005/04. Durante o
período de Discussão Preliminar de Pauta, por solicitação do Vereador Carlos
Pestana, foi efetuada verificação de quórum, constatando-se a existência do
mesmo, tendo o Vereador João Antonio Dib manifestado-se a respeito. Na
oportunidade, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento
verbal de autoria do Vereador Reginaldo Pujol, solicitando que, consultado o
Colégio de Líderes, fossem encerrados os trabalhos da presente Sessão após o
término do período de Pauta. Às dezoito horas e quarenta e três minutos, tendo
sido aprovado o Requerimento do Vereador Reginaldo Pujol, anteriormente
referido, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os
Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e
pelos Vereadores Elói Guimarães e Ervino Besson e secretariados pelo Vereador
João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos à
O Sr. Maurício Caetano Melo de Aguiar,
representando a Associação dos Moradores Amigos do Bairro Vila Nova, está com a
palavra para tratar de assunto relativo à ocupação da Rua Atílio Supertti, pelo
tempo regimental de 10 minutos.
O
SR. MAURÍCIO CAETANO MELO DE AGUIAR: Primeiramente,
boa-tarde, Srª Presidenta desta Casa; demais Vereadores e Vereadoras,
comunidade da Atílio Supertti e demais presentes, venho ocupar esta tribuna,
pela segunda vez, para pedir um apoio a todos os Vereadores desta Casa.
Quero colocar o que aconteceu na ocupação
Atílio Supertti: famílias ocuparam, por necessidade - famílias que pagavam
aluguel, famílias que moravam de favor -, os imóveis da Caixa Econômica
Federal. Essas famílias, depois de uma longa negociação, de um ano e dois
meses, ficaram aguardando uma solução. A Câmara de Vereadores e a Assembléia
Legislativa, em conjunto, fizeram um termo de compromisso, também assinado
pelos ocupantes.
A Caixa Econômica Federal analisou o
crédito das famílias e, por motivo de muita burocracia, muitas delas não
conseguiram passar pelos critérios da Caixa Econômica Federal. São 149 as
famílias que não tiveram condições de ficar no PAR. Essas famílias ficaram
esperando pela Caixa Econômica Federal, que se prontificou às famílias que não
tivessem condições de entrar no Programa de Arrendamento Residencial, o PAR,
ficarem no PSH - Programa de Subsídio Habitacional - para famílias de baixa
renda. As 149 famílias esperaram por isso e assinaram um termo de compromisso
pelo qual o Governo do Estado seria parceiro, a Prefeitura, por intermédio do
DEMHAB, seria parceira, e a própria Caixa, pelo Ministério das Cidades. Esse
termo de compromisso acordou que o Governo do Estado compraria uma área no
valor de 150 mil reais, a Caixa Econômica Federal colocaria verba para a
construção das casas, e o Município colocaria infra-estrutura emergencial. Esse
foi o acordo, o termo de compromisso firmado na Assembléia Legislativa, com a
presença da CUTHAB e vários Vereadores desta Casa.
Houve uma negociação - há fita gravada - três dias antes da
desocupação, na qual várias entidades, Secretarias do Município, Secretarias do
Estado e a Caixa Econômica, se prontificaram em ajudar essas famílias naquela
sexta-feira, três dias antes do despejo. Então, ficou um documento firmado. E aí,
meus amigos, são 149 famílias, sem contar as que estão morando hoje; hoje faz
30 dias que as famílias saíram da ocupação Atílio Supertti de forma pacífica,
acreditando no documento. E a gente acredita também, porque o direito de
moradia é um direito constitucional. Hoje, o que acontece? Quarenta e nove
famílias foram alojadas, amontoadas num galpão no Bairro Belém Velho-Rincão. As
outras 100 famílias estão morando de aluguel, e muitas me ligaram e disseram:
“Hoje vence o meu aluguel, estou vendendo a minha televisão, não tenho
condições de pagar o meu aluguel”. E essas crianças que estão no galpão, há 30
dias que não vão à escola por ser muito longe; não há escola próxima.
Eu sei que todos os Vereadores, cada um
tem um compromisso: um cuida da Saúde, outro cuida da Habitação, e assim vai.
Mas, meus amigos, a gente já recorreu a todas as partes a que a gente poderia
recorrer! Estamos cada vez afundando mais, e por quê? Porque o documento
firmado não foi um documento batido, como era para ser! As famílias não têm
estudo, e muitas delas são pessoas inocentes. E hoje, o que acontece? Foi o
proprietário, através da Assembléia, negociar que a Prefeitura, o Governo do
Estado e a Caixa pagariam o aluguel para as 49 famílias que foram para o Belém
Velho-Rincão, que não tinham condições de pagar aluguel. Ficou acertado que a
Assembléia negociaria, para que a Caixa, o Município e o Governo do Estado,
cada um faria um rodízio para pagar um mês de aluguel. E, por meio de muito
esforço com o proprietário e a comunidade, foi pago o mês de aluguel para o
proprietário do galpão, mas foi rescindido o contrato.
A Assembléia disse que só pode pagar um
mês, e que o Município, o Estado e a União não se prontificaram e não vão
pagar. E aí, Srs. Vereadores e Srª Presidenta, hoje eu venho aqui pedir uma
ajuda, porque essas famílias vão ter de sair de lá e não têm para onde ir, e
essas crianças não estão na escola.
Eu venho bonito hoje aqui, meus
companheiros, porque, pela Lei, quem vem falar aqui na tribuna tem de estar de
terno e gravata, mas se eu contar a minha situação, contar o que eu fiz para
vir assim, vocês não vão acreditar. Eu tive de deixar os meus documentos, o meu
celular, que é emprestado, alugado, deixei num lugar para poder colocar uma
roupa, para poder ocupar a Tribuna Popular. Entenderam, pessoal? Então, a
situação é de dar risada, mas é precária. Eu não peço que os senhores passem o
que nós estamos passando hoje, eu não quero que vocês passem pelo que a gente
está passando, ou seja, pela humilhação; o não-cumprimento de um direito que é
nosso, um direito constitucional de moradia.
Então, peço aos senhores Líderes de
Bancada, Vereadores, primeiramente que nos ajudem. Eu sei que o Município tem
vários locais para abrigar em torno de 30 a 40 famílias, eu sei que o Governo
do Estado tem o Centro Vida, que são enormes pavilhões que poderiam abrigar
essas famílias, porque nós estamos hoje como cachorros vira-latas, temos de fugir da chuva e abrigar-nos em
algum lugar. São crianças, como os filhos de vocês, Vereadores e Vereadoras que
têm filhos, são pessoas idosas, gestantes que estão naquele galpão, e nós não
temos para onde ir amanhã.
Nós precisamos que esta Casa se
manifeste. Algum Vereador, por favor, se manifeste e ajude. Eu vim aqui, há um
ano, ocupei a Tribuna Popular e, na ocasião, vários Vereadores falaram que
iriam nos ajudar, depois a responsabilidade acabou tocando para a CUTHAB.
Então, eu pergunto aos senhores que já passaram pela CUTHAB, quem pode nos
ajudar a fazer um contato, pois o Prefeito sabe dessa situação. Eu faço parte
da Caravana da Esperança, da Rádio Esperança, falei com o Prefeito na
quarta-feira, e fiz o pedido. E, para os senhores terem uma idéia, o mais
rápido possível seria a compra da área. O Governo já fez um contato com o
proprietário da área e já acertou valores. O Município só tem de passar um
documento para o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, que
está suspenso. O Conselho está suspenso por motivo de Justiça e, aí, as
famílias estão hoje numa situação precária.
Estamos aguardando nova eleição do
Conselho Municipal para fazermos um Projeto de Lei, para passar aos Srs.
Vereadores, para os senhores votarem o Regime Urbanístico, para nós podermos ir
para cima desse terreno.
Então, eu peço para os senhores, são
várias famílias com necessidades e que não têm condições de pagar aluguel. Não
sei se nesse galpão não vai aumentar o número de pessoas, pois há muitas sendo
despejadas. E peço, pelo amor de Deus, senhores, há crianças, a gente não tem
condições, eu quero ajuda. Se puderem manifestar-se no sentido de ajudar, por
favor, a comunidade está aguardando, porque nós não temos para aonde ir e
teremos que achar um teto para os nossos filhos. Queremos que nossos filhos
sejam cidadãos, que vão à escola; nós precisamos disso. Por favor, eu peço que
os senhores nos ajudem. Que esta Casa, Srª Presidenta, acompanhe, por favor, as
negociações da Atílio Supertti, porque, cada vez mais, está numa situação
precária. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu convido o Sr.
Maurício Caetano Melo de Aguiar para compor a Mesa.
O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Srª Presidenta, prezado Maurício Caetano
Melo de Aguiar, Presidente da Associação dos Moradores Amigos do Bairro Vila
Nova, Maurício, nós temos acompanhado já há bastante tempo essa situação que
vocês estão vivenciando, principalmente nesses últimos 30 dias, conforme
relataste hoje. O que eu tenho dito para as pessoas do teu contingente, é que o
importante é vocês não se desmobilizarem. Há as atribuições do Governo do
Estado, que é conseguir o terreno, mas tentaram colocá-los num buraco. O
Município tem a atribuição da infra-estrutura e a Caixa com a questão da construção.
Foram oferecidos inicialmente dois locais, que seriam: o CECOPAM - Centro
Comunitário do Parque Madepinho - mas é um lugar muito pequeno -, e existe o
Centro Vida, também, que foi oferecido pelo Governo do Estado.
Então, logo tomei conhecimento da
situação dos alunos; acho inadmissível que os alunos não vão à aula. O
Secretário da Educação vai ter de conseguir ônibus para essas crianças, porque
são todas elas oriundas de escolas estaduais. Então, mais uma vez, eu entendo
que vocês têm de se deslocar lá para o Centro Vida, na Baltazar de Oliveira
Garcia, junto àquela região, para ficarem ali até que o Governo do Estado
designe a área, não como um buraco, como ofereceram, mas já foi acordado, há um
documento assinado, inclusive, pela Assembléia. Parabéns.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, meu caro Maurício Caetano
Melo de Aguiar, Presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Vila
Nova, em nome da Bancada do Partido Progressista, dos Vereadores Pedro Américo
Leal, do Líder Beto Moesch, do Ver. João Carlos Nedel e no meu, eu saúdo a
presença de V. Sª e dos integrantes da Associação aqui neste plenário. Mas eu
devo dizer que V. Sª nos trouxe, pelo menos a mim, uma preocupação muito
grande. De repente, eu passo a não entender as coisas. Eu não entendo que o
Executivo Municipal, da mesma Administração Municipal, comprou o Jardim
Leopoldina com 1.092 apartamentos pelo dobro do preço, e até hoje não está
equacionado, resolvido, mas eles estão pagando – eu fiz um Pedido de
Informações para saber –, e não pôde resolver um problema menor como o dos
senhores. Era com a Caixa Econômica Federal; lá no Leopoldina, era avaliado em
0,6 CUBs o metro quadrado, e eles compraram por 1,2. Eu não posso entender,
porque é um problema muito mais fácil, em que as pessoas queriam pagar, em que
as pessoas não colocavam nenhum problema para a solução encontrada. A Prefeitura
não acertou, talvez porque o preço fosse baixo, porque lá no Leopoldina, pelo
dobro do preço, eles compraram.
E nós ouvimos aqui na tribuna, muitas
vezes, o pessoal do Leopoldina reclamando; só que eu acho que foi muito bom
para algumas pessoas lá da Prefeitura; eu acho que é por isso que eles não
fizeram acerto com os moradores da Associação do Bairro Vila Nova lá na Rua
Atílio Supertti. Mas eu espero que encontrem essa solução. E se depender da
Casa do Povo de Porto Alegre, V. Sª pode levar tranqüilidade que terá aprovação
unânime. Saúde e PAZ!
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Maurício Caetano Melo de Aguiar, que
preside a Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Vila Nova, quero primeiro
cumprimentar V. Sª pela seriedade e alto espírito público com que V. Sª colocou
o assunto, chamando a atenção para a gravidade do momento. Há pessoas alocadas
em lugares inadequados, há crianças em idade escolar. Por outro lado, V. Sª
disse que há um acordo firmado pelo Governo do Estado, Assembléia Legislativa,
Prefeitura, Executivo e Câmara Municipal, e este acordo não está sendo
cumprido. Parece-me que é aí que se coloca a questão. Se há um acordo firmado
para que os moradores se retirassem lá da Atílio Supertti na Vila Nova, esse
acordo tem de ser cumprido, sob pena do comprometimento irremediável de todos
que dele participaram. Então, no que nos corresponde, a Casa tem uma Comissão
especial, a CUTHAB. Temos de conversar com o Presidente da CUTHAB, com o Ver.
Raul Carrion, com integrantes da CUTHAB. Nós teremos de conversar com a
Comissão, porque a Casa também colocou lá o seu dedo, Presidenta. A Casa, pela
CUTHAB, assumiu co-responsabilidades, perante o acordo, se é verdade que está
assim colocado.
Eu acho que a questão que se coloca é
esta. Os pactos são para serem cumpridos, e não se pode admitir em contrário,
que entidades de direito público não cumpram os compromissos assumidos.
Portanto, a minha saudação a V. Sa. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Renato
Guimarães está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Srª Presidenta, Sr. Maurício Caetano,
Presidente do Movimento lá da Atílio Supertti, é importante registrar, em
primeiro lugar, que a CUTHAB vem acompanhando esse processo desde o ano de
2003. É um acompanhamento profundo. Assumimos a presidência da CUTHAB no mês de
janeiro, e demos seguimento a esse acompanhamento. Já realizamos dezenas de
reuniões para tratar do assunto. Há 10 dias, fizemos uma reunião na Casa,
chamando representantes da Secretaria de Habitação do Estado, da Caixa
Econômica Federal e da Prefeitura de Porto Alegre.
Ouvimos a representação desses órgãos, e
ficou registrada, aqui, mais uma vez, o compromisso desses órgãos de fazer
valer o termo de compromisso assumido entre Caixa Econômica Federal, Governo do
Estado e Prefeitura, no sentido de comprar a área e colocar a infra-estrutura
emergencial para que vocês possam exercer o direito de morar.
A CUTHAB vem acompanhando esse processo.
Já temos uma próxima reunião marcada, com vocês e com essas autoridades, para o
dia 04 de maio. Estamos encaminhando um conjunto de processos.
Vamos requisitar as notas taquigráficas
da sua fala e encaminhar aos três Poderes - Governo do Estado, Municipal e
Caixa –, porque acho que o compromisso da manutenção de vocês naquele espaço
onde vocês estão é dos órgãos que assinaram aquele termo de compromisso. Esses
órgãos, na representação Estadual, Municipal e Federal é que têm de garantir
isso. E vamos encaminhar essa questão.
Gostaríamos de dizer que recebemos a
informação da Secretaria de Habitação do Estado: as negociações para a compra da
área estão sendo finalizadas, a compra da área está-se concretizando.
Tendo a área, acho que se abre um outro
capítulo, em que a própria comunidade poderá discutir as alternativas para a
própria área que está sendo comprada.
Portanto, deixo o registro de que a
Câmara de Vereadores, por meio da CUTHAB, vem acompanhando todo esse processo.
Viemos fazendo um conjunto de negociações. Fizemos uma negociação com o Centro
Vida, para tentar alternativas para os moradores. Não foi possível. A
representação da Secretaria de Estado não possibilitou, e, hoje, estamos
trabalhando para que o conjunto da representação dos governos assuma, Verª
Margarete, o compromisso da manutenção do aluguel do lugar em que eles estão,
enquanto não se resolve a questão da área. Pela informação que temos, a
negociação para a compra está sendo finalizada.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Wilton Araújo
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. WILTON ARAÚJO: Srª Presidenta, caro Maurício Aguiar da
ocupação da Atílio Supertti, de longa data já participamos dos diversos
movimentos que essa ocupação vem fazendo. Mais objetivamente, no momento de
hoje, no dia de hoje, a ocupação quer ter uma resposta objetiva por parte dos
órgãos do Município, do DEMHAB, da própria Câmara Municipal, da Assembléia
Legislativa e da Secretaria de Habitação do Estado. A negociação se fez, e
todos aqueles que estavam lá acreditando nela, na negociação, saíram ordeira e
pacificamente. Foram colocados em lugar inadequado, apinhados. Em lugar
inadequado! E agora vem a notícia trazida pelo Maurício de que se rescindiu o
contrato porque a Assembléia, um desses órgãos, só poderia pagar um mês. Tem de
assumir. Eu acredito que tenhamos de assumir a continuidade até que se faça a
burocracia da compra da área.
Esta Casa, Srª Presidenta, também é - e
concordo com o Ver. Elói Guimarães, da Bancada do PTB – responsável; é
signatária e é responsável. Se a Assembléia não pode mais, a Câmara que assuma
um mês, então, para forçar que os outros órgãos também assumam a sua
assinatura; é responsabilidade desta Casa. Por isso a Bancada do PPS encaminha
desta forma para resolver objetivamente o que está acontecendo, hoje, lá. Eles
vão ser expulsos daquele lugar, que já é inadequado, mas, sem nenhum, pior
ficará. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Haroldo de
Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Maurício, permite que eu te trate assim
e te diga que o teu depoimento, além de chocante, atinge o coração das pessoas
que não estão aqui para dizer a você que daqui a um ano talvez você tenha de
estar aqui de novo. Há um ano você esteve aqui, e eu disse para você o meu
posicionamento: conte com o PMDB. E aí? Não aconteceu nada. Isso é que machuca,
porque se fosse um problema novo... Mas não é, tem, no mínimo, um ano. Então,
somos todos nós irresponsáveis: o Governo do Estado, a Assembléia Legislativa,
a Prefeitura Municipal, a CUTHAB, que mais uma vez diz que vai encaminhar os
problemas. E, enquanto isso, os idosos e as crianças estão amontoados num lugar
onde não tem nada a ver. De coração: eu não tenho nada para dizer para vocês, a
não ser que eu estou com vergonha das coisas que continuam acontecendo entre
nós, seres humanos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Ervino Besson
está com a palavra, nos termos do artigo 206 do Regimento.
O
SR. ERVINO BESSON: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, Sr. Maurício Caetano Melo de
Aguiar, Presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Vila Nova, eu
lamento que o Ver. Raul Carrion não esteja neste momento aqui no plenário,
porque, por várias vezes, ouvi declarações do Ver. Raul Carrion, e eu tenho
falado com ele pessoalmente, algumas vezes, a respeito da situação dos
moradores, sobre todo aquele período em que os moradores permaneceram na rua
Atílio Supertti. E, pelas declarações do Ver. Raul Carrion - e eu repito: pelas
declarações dele - imagina-se que o problema esteja praticamente resolvido.
Mas, para surpresa minha, eu, na segunda-feira, estive lá visitando o pessoal,
no local em que as pessoas estão ocupando o galpão do Sr. José Carlos Borges Duarte.
E, Vereador Haroldo de Souza, de fato, eu saí chocado de lá, porque são seres
humanos que estão num galpão pequeno, numa estrutura precária, mas que ainda
têm como sobreviver.
Agora, eu não pertenço à Comissão,
Maurício, mas por informações eu tenho acompanhado a situação. Mas, como eu já
disse, para surpresa minha, vocês vão ter de sair do local e eu não sei para
onde é que vocês vão. Eu penso que os órgãos que estão envolvidos, as pessoas
que prometeram resolver o problema e a própria Comissão têm de estar ao lado de
vocês, no mínimo; alguém tem de dar explicações para esta Casa e para vocês da
comunidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu agradeço ao Sr.
Maurício Caetano Melo de Aguiar, Presidente da Associação dos Moradores e
Amigos do Bairro Vila Nova, mais uma vez, pelo seu comparecimento, nesta Casa,
em Tribuna Popular. E quero dizer que tudo que for do dever desta Casa será
realizado, e o Vereador representante da CUTHAB se colocou totalmente à
disposição. Muito obrigada e sorte na sua luta.
Neste momento, temos a honra de convidar
para compor a Mesa o Padre Olavo Moesch, Pároco da Paróquia São Jorge e do
Conselho Pastoral Paroquial, que falará sobre o transcurso da 51ª Festa de São
Jorge.
O Padre Olavo Moesch está com a palavra.
O
SR. OLAVO MOESCH: Distinta Presidenta desta Mesa, Srª
Margarete Moraes, meus nobres Vereadores e demais irmãos e irmãs em Cristo, fui
convidado, pela segunda vez, a falar sobre a Festa de São Jorge, no Partenon,
que vai ser no dia 23 e no dia 26 de abril, que por nobre e louvável sugestão
do Ver. Carlos Alberto Garcia já faz parte dos eventos da Prefeitura de Porto
Alegre.
Pois bem, essa Festa tem a sua origem há
50 anos, quando o meu nobre antecessor, falecido há pouco tempo, Padre Paulo
Scopel, começou a construir a nova Paróquia. Então, naquele tempo, Dom Vicente
Scherer perguntou ao Padre Paulo que nome dar a nova paróquia de São Jorge. Ele
perguntou a vários amigos e a resposta foi: "São Jorge". Por quê? Por
causa do elemento africano, do elemento luso, enfim, do elemento pobre que lá
se reunia. E realmente foi acertada a indicação, porque São Jorge se tornou um
Santo tão forte que eu às vezes fico a pasmar, às vezes eu fico a não pedir nem
propaganda para não vir gente demais naquele dia para a Igreja, porque há o
perigo de um dia acontecer que vários desmaiem.
Então, faz 50 anos que se celebra a
procissão de São Jorge e a Igreja foi surgindo pouco a pouco; hoje, ela está lá
bem vistosa, bela, bem-cuidada externa e internamente.
Nós temos dois momentos fortes na Festa
de São Jorge: um, no dia 23 de abril, que é o Dia de São Jorge. Nesse dia
teremos missas das 8 da manhã até as 8 da noite e todo o dia virão pessoas a
visitar a Igreja. Às vezes chega-se a tal ponto que começam a empurrar um ao
outro, tal a avalanche de gente que entra na Igreja, que vem pedir, vem queimar
sua velinha, vem chorar suas mágoas, enfim, vem pedir a São Jorge um grande
auxílio.
Então, no dia 23 de abril nós teremos o
dia propriamente dito. Mas acontece que desde longa data a procissão de São
Jorge é realizada num dia independente do dia 23, e neste ano será no dia 25,
que cai num domingo. Nessa data teremos a solene procissão. Às 9 horas será a
missa e às 10 horas sai a procissão, que é imponente. É incrível como o povo
rola morro abaixo, do Morro Santa Cruz, do Morro da Polícia, para homenagear
seu santo! Pois bem, depois da procissão teremos churrasco, galeto e comes e
bebes até as 18 horas; à tarde haverá uma bandinha que promoverá um baile
simples, um baile singelo, no nosso salão paroquial.
Uma coisa que nos chama a atenção é saber
por que São Jorge atrai tanta gente. Todos os anos eu devo repetir isso nos
meus sermões, nas minhas entrevistas: São Jorge existiu realmente ou não
existiu? Eu respondo que sim e que não, porque existiu realmente um São Jorge
mártir, martirizado no período do imperador romano Diocleciano, no ano 303. São
Jorge fez uma declaração em público de que era cristão e por isso ele foi
martirizado, e esse São Jorge nunca foi proibido na Igreja, ele sempre
continuou. Existe o lendário São Jorge, que é o São Jorge montado a cavalo;
esse é lenda, mas uma lenda muito significativa – por quê? –, porque ele lembra
o guerreiro, o homem que desperta a coragem, homem que desperta a todos nós
para a luta. E como é que surgiu essa lenda? Essa lenda surgiu na Ásia Menor,
na atual Turquia. Diz uma lenda que havia um reinado com rei, rainha e uma
filha - a princesa Lia – que viviam, pacificamente, rodeados por um grande muro,
e lá viviam bem, viviam em paz. Um belo dia essa paz foi cortada por um dragão
que se apresentou ao rei dizendo: “Olhe, eu quero que vocês me tragam, a cada
dia, aqui na entrada do bosque, um animal para eu poder comê-lo”. E o rei
satisfez o pedido do dragão. Mas terminaram, um dia, os animais. E agora? Agora
o dragão, vociferando, disse: “Daqui para frente eu quero vidas humanas que me
darão por sacrifício”. O rei ficou triste por ter pedido o sacrifício de vidas
humanas, mas era o jeito. Então, ele tirou a primeira sorte, Fulano de Tal para
ir de manhã cedo para a entrada do bosque, por onde chegava o dragão, e assim
foi, até que, um belo dia, a sorte caiu sobre a princesa Lia, a filha do rei. O
rei, entristecido, mandou sua filha para a entrada do bosque. E quando ela
chegou lá, e o dragão se aproximou dela - diz a lenda -, e apareceu um jovem
montado a cavalo, que lutou contra a fera, contra o dragão, empurrando-lhe na
garganta uma espada que o matou, livrando a princesa Lia da morte. Isso, naturalmente,
deu muita alegria. Quando o rei chegou lá, perguntou ao jovem: "Quem és
tu?" E o jovem respondeu: "Eu sou Jorge da Capadócia". "-
Tu podes pegar a minha filha para casamento". Ele disse: "Minha
missão não é casar; minha missão é andar pelo mundo e propagar Cristo”. Essa é
a lenda que a Igreja respeita, embora seja lenda.
Pois bem, meus amigos, meus nobres
Vereadores, irmãos em Cristo, tenhamos também a nossa espada. A espada que fere
o nosso dragão da mentira, da desonestidade, da falsidade, da preguiça. Tudo
isso são aspectos do grande dragão, que é o demônio, que simboliza todo o mal
que há em nós. E São Jorge é o santo padroeiro que nos ajuda a combater o mal.
Obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu agradeço pelas
palavras do Padre Olavo Moesch. Convido o Ver. Carlos Alberto Garcia para fazer
a sua saudação em nome de todos os Vereadores e Vereadoras desta Casa.
O Sr. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezada Presidente Margarete Moraes,
prezado Padre Olavo, Vereadoras e Vereadores. O Padre Olavo, com a sua simpatia
e simplicidade, vem-nos fazer um convite: para que possamos, no dia 23, Dia de
São Jorge, comparecer à festa e, no dia 25, à procissão. Quero, também, fazer
uma saudação à Vera Elisabete Fernandes, ao Paulo Roberto Fernandes; ao casal
Vice-Coordenador do Conselho Paroquial, ao Geraldino Ficanha e Marli Ficanha;
ao Albano Assis, nosso assessor, coordenador da Bancada, que são os festeiros.
Quero dizer que quando o Padre Olavo comenta o excesso de pessoas que
comparecem na paróquia nos dias 23 e 25, eu sempre brinco com o Padre Olavo,
dizendo-lhe que é um problema bom, porque, realmente, quem tiver a oportunidade
de lá comparecer nesses dias, verá que todas as missas superlotam. Mas, ao
mesmo tempo, no domingo, no dia da Procissão, é um dia todo especial. Primeiro,
pela procissão, pela missa, mas também é uma característica, em Porto Alegre,
nós podermos vivenciar uma festa dentro da Igreja, festa que não existe mais em
vários locais e o Padre Olavo e a sua comunidade conseguem manter.
Quero, também, fazer um agradecimento à
Secretaria Municipal da Cultura, que colocou o toldo lá à disposição, junto à
EPTC, que acompanha todo o trabalho; e em nome da Casa, quero agradecer a
presença do Padre Olavo, mas, principalmente, convidar a todos as Vereadoras e
todos os Vereadores para comparecerem no dia 23, Dia de São Jorge, e no dia 25,
às 9h, na Missa e, ato contínuo, à Procissão.
Padre Olavo, muito obrigado pela sua
presença. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. BETO MOESCH (Requerimento): Srª
Presidenta, em virtude da proposição do Ver. Pedro Américo Leal, integrante da
nossa Bancada, que destinou o período do Grande Expediente para assinalar o
transcurso do 50º aniversário do Colégio de Aplicação, nós solicitamos a
inversão dos trabalhos, passando o Grande Expediente para agora, e depois
passarmos ao período de Comunicações.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação o
Requerimento de autoria do Ver. Beto Moesch, solicitando a inversão na ordem
dos trabalhos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO por unanimidade.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos ao
Hoje, este período é destinado a assinalar o transcurso do
50º aniversário do Colégio de Aplicação. Convidamos a compor a Mesa o Diretor
do Colégio de Aplicação, Professor Jorge Luiz Day Barreto; o representante da
Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professor Aldo Antonello
Rosito; o representante do Comando Geral da Brigada Militar, Major Maurício
Martins Alves, Diretor do Colégio Tiradentes; e o representante do 5º COMAR, 1º
Tenente Rafael Dalle Molle. Sejam bem-vindos a esta Casa.
O Ver. Pedro Américo Leal, proponente
desta homenagem, está com a palavra em Grande Expediente.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Srª Vereadora, Presidenta da Câmara
Municipal de Porto Alegre, Margarete Moraes; Sr. Diretor do Colégio de
Aplicação, Professor Jorge Luiz Day Barreto; representante da Reitora da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professor Aldo Antonello Rosito;
representante do Comando Geral da Brigada Militar, Major Maurício Martins
Alves, Diretor do Colégio Tiradentes - a quem muito respeito também -;
representante do 5º COMAR, 1º Tenente Rafael Dalle Molle, três colégios se me
afiguram, como modelos, verdadeiros gabaritos no cenário do Ensino Fundamental
e Médio do universo da educação atualizada em nosso Estado: o Colégio de
Aplicação da UFRGS, que hoje homenageamos; o Colégio Militar, corrente de
pensamento de onde vim; e o Colégio Tiradentes.
A comparação, longe de vulgarizar o destaque - estamos
fazendo, aqui, um destaque para o Colégio de Aplicação -, muito o valoriza.
Observemos o acesso pretendido, um verdadeiro vestibular de sorte, com o qual
não concordamos: a uma vaga concorrem 28 candidatos. Eles têm pretensão, mas
não achamos que seja uma medida intelectual recomendável. Achamos que devia
haver vestibular. Quero-lhe dizer com a minha oportunidade, pois estou aqui
para elogiar as coisas devidas de seu Colégio. Vamos encontrar mais adiante, na
Medicina e na Psicologia, lá no vestibular, a pretensão tão sonhada. São 20, 30
candidatos para uma vaga, eu me submeti a isso.
Mudando de endereço, de locação de prédio,
lá está o Aplicação, pelas bandas de Viamão - se não me engano, está lá, hoje
-, no Campus do Vale, no bairro
Agronomia, completando, ontem, meio centenário.
Recebe, o abraço da Câmara da Cidade de
Porto Alegre, que reverencia o Colégio. Reverencia, por quê? Pelos serviços
prestados. Na tropa, nós sempre ressaltamos isso: pelos serviços prestados; não
por efemérides e nem por coisas que não têm valor; pelos serviços prestados.
Fundado em 14 de abril de 1954, pavilhão
de madeira, vem aos trancos e barrancos, sujeitando-se a quatro mudanças para
se erguer e permanecer onde está.
Exame de seleção? Já pautaram as pretensões ao seu acesso, e
por isso, parei neste degrau; é hoje por sorteio. Não me conformo! E acanho-me
ao admitir isso. Mas, V. Sª deve ter argumentos que me tapem a boca. Discurso!
Mas o que fazer? Dizem que é para evitar uma elite contemplada! Ora! Eu vim de
baixo! Não tive pai, aos quatro anos; vim estudando como pude, em colégios
mambembes! Estou aqui! Estou aqui!
Por 16 anos fui mestre e professor da PUC, onde me doutorei.
Por mais de 30 anos fui professor da Escola de Polícia do Rio Grande do Sul;
por mais de 20 anos preparei Oficiais da Brigada Militar – e o Sr. Tenente sabe
disso -, claro que simultaneamente, senão teria 100 anos! Tive como aluna a
esposa do Ver. Sebenelo, que hoje não está aqui, a Srª Sônia Sebenelo,
psicóloga e mestra. São os meus protagonistas.
Cada aula para nós, professores, é sempre
um desafio, porque é imprevisível, a ânsia de saber do aluno. Uma pergunta, uma
curiosidade atrevida ou mal-orientada, pode colocar um professor ou um
instrutor em apuros. Como não? Sim, já tive apuros. E como vai o aluno saciar
essa ânsia de saber, senão junto ao seu professor? É o seu mestre, o seu amigo.
Hoje as famílias estão ausentes. É no professor que ele vai encontrar o seu
grande companheiro, e principalmente no professor de Educação Física. O Exmo Ver. Garcia está me olhando,
mas sou colega, porque também tenho o curso de Educação Física. Perguntas
intrincadas e às vezes irreverentes são feitas pelo estudante em formação. “Não
se brinca em serviço”, se diz na tropa, Tenente, é o dito da caserna, não é?
O Colégio exibe o índice de 15% de
aprovados em vestibulares em diversas faculdades. Bem, tapa-me a boca quando
digo que o sorteio deve ser dispensado. O sorteio é aceitável. Estupenda
performance que tenta compensar esse tal de sorteio aleatório!
Sabem, nunca pude entrar no Colégio
Militar. Não tinha dinheiro para entrar no Colégio Militar. Nem por isso
combato a seleção intelectual ao seu acesso. Está certo. Entra o melhor; o
melhor intelectual. Que me escute o José Antônio Pinheiro Machado, o Anonymus Gourmet, que todos vocês
conhecem. Aluno do Aplicação, hoje na Europa, transitando pela Europa e
“pintando o sete”. O quanto deve ter sido útil a ele, nas suas viagens
internacionais, o domínio das línguas inglesa, francesa, alemã, espanhola
oferecidas pelo Colégio de Aplicação. Que hoje exaltamos no dizer dele:
“Voltaremos!” Quem não se lembra da frase: “Voltaremos!”
Sim, voltaremos a destacá-lo como
educandário modelo - Colégio de Aplicação - que recebe hoje as reverências
desta Casa do Povo, da Casa do Povo de Porto Alegre, que parou para
homenageá-lo. É alguma coisa! A Câmara contempla o deslocamento do Colégio de
Aplicação, o seu caminhar pela estrada do saber na formação da juventude, pela
vida profissional, na qual somente os privilegiados pelo conhecimento
angariado, conquistado por noites e noites de vigília em cima dos livros...
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Ver. Pedro
Américo Leal, conclua.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Vou concluir. Diante deste ultimato, vou
concluir. E V. Exª me deslocou; eu, cambaleando, venho recuperar o período...
Somente os privilegiados pelo
conhecimento se atrevem, nos dias de hoje, a pretenderem uma colocação nessa
tremenda luta por um emprego, num mundo cada vez mais competitivo,
informatizado e prático, que condeno! Condeno a informatização, como condenei a
globalização dez anos nesta tribuna. Não tenho computador! Não tenho telefone
celular! Os combato; não levaram a felicidade a alguém. É só isso, muito
obrigado. (Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Quero registrar a
presença do Professor Fernando Meirelles, Pró-Reitor de Extensão da UFRGS, e
também da Professora Vera Moraes, ex-Diretora do Colégio de Aplicação. Sejam
bem-vindos.
O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Cláudio Sebenelo.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras,
Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O ilustre
Vereador Pedro Américo Leal, meu querido companheiro de Bancada no Partido
Progressista, entre as muitas qualidades que tem, é polivalente e trafega com
invulgar habilidade em todos os campos do humanismo, trazendo freqüentemente à
luz temas que, mesmo com aparência de coisa exaustivamente discutida, têm
sempre um gosto de renovação, impondo reflexão, estudo e busca de melhor
compreensão.
Parabéns, então, ao
ilustre Vereador Pedro Américo, pois, uma vez mais, nos brinda com a
possibilidade de, através de uma homenagem que propôs, sermos levados a
refletir sobre o relevante tema, que é a educação.
Pessoalmente, entendo
que está na educação a base determinante do bem comum, alvo maior da atividade
política e social.
Entendo, também, que o
maior empenho dos governos, em todos os níveis, deve ser no sentido de
viabilizar a realização do preceito constitucional que afirma ser a educação
direito de todos e dever do Estado e da família, devendo ser promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
Lamentavelmente, isso
não acontece. E, porque é assim, o quadro educacional é triste e estarrecedor.
A sociedade, meu caro
Pedro Américo, vive hoje sob o impacto das imagens. A nova geração perdeu a
capacidade de apreensão do conhecimento através do pensamento abstrato, da
reflexão, da análise intelectual e do raciocínio, no que o meio mais influente
é, sem dúvida, a leitura.
A televisão e a
Internet, por exemplo, são meios muito menos eficazes para a aquisição de
conhecimento do que as palavras, do que palestras ou livros. Mas, como exigem
pouco esforço e são mais difundidos, fazem com que, desde cedo, as crianças não
manifestem interesse em escutar o que alguém tem a dizer, tornem-se dispersivas
facilmente, e não consigam ficar mais de dez minutos concentrados na leitura de
um livro, ainda que bom.
A perda daí decorrente
é, então, imensa.
Nas escolas, muitos
alunos demonstram enorme dificuldade de raciocínio lógico, pois sabem sequer
pensar, estabelecer relações de nexo, ou tirar conclusões adequadas.
E, pior do que isso,
recebem e assimilam acriticamente conteúdos de todas as naturezas, deixando-se
levar pelas ondas suaves dos modismos fugazes e superficiais, subversores da
educação, da cultura e dos valores permanentes da sociedade.
Assim, a educação é a
necessidade, mas a deseducação e a anti-educação têm a preferência.
Felizmente, nem tudo
está perdido; felizmente, ainda há esforços e ações partidos da própria
sociedade, que retardam e reduzem essa avalanche negativa que se abate sobre a
educação.
Felizmente, há pessoas e
entidades que conseguem sobrepor-se às dificuldades do meio e seguem na mão
inversa dos modismos para consagrarem-se como fontes do saber, da cultura e da
educação.
O Colégio de Aplicação
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul é um exemplo dessa minha
afirmação, basta
que se saiba que está orientado para a formação do cidadão crítico, criativo e
comprometido com a construção de uma sociedade mais justa, livre e fraterna,
para confirmá-la.
Como homem público, como
pai, avô e cristão, encanta-me reconhecer a ênfase que
o Colégio
de Aplicação dá à construção do conhecimento como tarefa primordial da Escola,
valorizando os conteúdos, patrimônio coletivo e direito de todos, selecionados,
tendo em vista sua significação humana e social.
Encanta-me,
também, a percepção de que, no Colégio de Aplicação, a
prática pedagógica é tratada como uma investigação, uma experimentação, um
espaço de descoberta e de construção, onde se promovem a liberdade de
pensamento e a busca de uma ação crítica e transformadora.
Oxalá
pudéssemos ter um número muito grande de escolas trilhando esse mesmo caminho!
Com certeza, a vida nacional, no presente e no futuro, teria outra perspectiva.
Em
nome da Bancada do Partido Progressista, que tenho a honra de
integrar ao lado do ilustre Ver. Pedro Américo Leal, que propôs esta homenagem,
e dos companheiros João Antonio Dib e Beto Moesch, saúdo a direção, os
professores, especialmente minha querida nora, Marilse Ghelen, que é professora
dessa entidade, com muito orgulho. Homenageio também os alunos, o corpo de
funcionários e todos os demais colaboradores do Colégio de Aplicação pelos seus
50 anos de existência eficaz e benfazeja.
E peço ao Senhor Deus que abençoe seu
trabalho, iluminando todos na continuidade do trabalho que até aqui realizaram;
sem dúvida, uma exceção no difícil mundo de hoje. Parabéns. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Exma Presidenta Verª Margarete
Moraes. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Antes de falar
propriamente do Colégio de Aplicação, eu gostaria de dizer da minha alegria de
participar desta Sessão e utilizamos o tempo de Liderança porque não estávamos
inscritos. Quero dizer que, dos quatro integrantes que estão à Mesa, três são
meus colegas profissionais de Educação Física: o professor Rosito,
representando a Universidade, foi meu colega de turma; o professor Barreto foi
meu bixo. Nós estivemos junto com o
Rosito e o Barreto, e hoje eu vejo o Walter, nosso Assessor Técnico de
Comissão, na época, Presidente da Fuji, nas nossas andanças em jogos
universitários por este Brasil, como atleta; eu, na época do atletismo; o
Barreto, no voleibol; o Rosito como dirigente; e o Major Maurício, eu tive a felicidade
de ser professor dele no IPA.
Ao mesmo tempo, também quero dizer que
hoje as duas maiores instituições em termos de qualidade de ensino - federal e
estadual - estão aqui representadas. Eu não tenho dúvida de que o Colégio de
Aplicação, dentro da área de Ensino Fundamental e Médio, e o Colégio
Tiradentes, pelo nível que eles têm demonstrado ao longo desses anos, são as
escolas expoentes e servem de modelo.
Mas o Ver. Pedro Américo Leal foi muito
feliz nessa iniciativa de propor esta atividade aqui comemorativa pela passagem
dos 50 anos do Colégio de Aplicação.
Eu pensava sobre qual foi a minha
primeira relação com o Colégio de
Aplicação, e hoje eu dizia para o professor Barreto que
foi em 1972, como estagiário de Educação Física, quando eu trabalhava no Ramiro
Souto, ali no Parque da Redenção, e havia alguns alunos do Aplicação, e lembro
que um deles virou expoente; hoje é um dos maiores artistas, que é o Nei
Lisboa, aluno do Aplicação, há 32 anos.
O Colégio de Aplicação, ao longo desses
anos, sempre teve a característica da qualidade do ensino. O meu primeiro
contato na época era porque ficava junto à Faculdade de Educação, mais
recentemente foi para o Campus. Quero dizer que essa busca constante,
insistente pela formação é que mostra o valor e a credibilidade ainda do ensino
público de qualidade, porque aqui há duas situações concretas: ensino gratuito
e de qualidade. Se uns podem, por que outros não podem? Então o Colégio de
Aplicação serve de modelo para que os demais segmentos possam espelhar-se e ver
qual a melhor metodologia. São inúmeros, centenas e centenas de profissionais,
milhares de profissionais, ao longo de 50 anos, que fazem a história deste Rio
Grande em todas as suas diferentes áreas.
O Professor Barreto foi Diretor em três
oportunidades, em 1992, 1997 e agora de 2000 até 2004, a história do Colégio de
Aplicação está vinculada ao próprio Professor Barreto.
Então, mais uma vez, nós gostaríamos de
parabenizar o Ver. Pedro Américo Leal, colega também da Educação Física, e o
Colégio de Aplicação por esse trabalho que tem feito ao longo de 50 anos,
mostrando que o Ensino Público gratuito de qualidade é viável e é possível.
Portanto, nós queremos parabenizar a tua
equipe de trabalho, os teus alunos e dizer que esse modelo é o modelo que
serve, o modelo que nós queremos, porque a Universidade Federal do Rio Grande
do Sul tem essa qualidade. Parabéns Professor Barreto, parabéns Professor
Rosito e extensivo a ti, Maurício, hoje no Colégio Tiradentes, porque,
realmente, precisamos, cada vez mais, mostrar o potencial do nosso ensino.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Professor Aldo
Antonello Rosito está com a palavra e falará em nome da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul e também em nome da Reitora Wrana Panizzi.
O
SR. ALDO ANTONELLO ROSITO: Exma Srª Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, Verª Margarete Moraes, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Saúdo, também, o
Prof. Fernando Setembrino Cruz Meirelles, meu colega de Administração da
Universidade; Profª Vera Pires de Moraes, ex-Diretora do nosso Colégio de
Aplicação; Prof. Sérgio Cordeiro, companheiro de longas lutas na educação, que
é, também, o presidente da comissão que festeja os 50 anos do Colégio de
Aplicação, demais professores do Colégio, aqui presentes, senhores da imprensa,
minhas senhoras e meus senhores, em nome da Reitora Wrana Panizzi, que está
viajando a Brasília em busca de melhores condições para a universidade pública
brasileira - já que ela também é Presidente da Associação Nacional dos
Dirigentes de Instituições Federais de Ensino -, venho ocupar este tempo para
agradecer esta homenagem que é feita ao nosso Colégio de Aplicação. Realmente,
como nossos antecessores aqui mencionaram, a começar pelo meu Professor Pedro
Américo Leal, o Colégio de Aplicação foi fundado pela nossa saudosa Professora
Graciema Pacheco como uma escola-laboratório da então Faculdade de Filosofia da
Universidade. E, ao longo dessa trajetória de 50 anos, foi-se compactuando ou
se afirmando como uma escola-modelo para a educação infantil e para o ensino
médio da nossa Capital e do nosso Estado. Trajetória essa que foi feita com
inúmeras inovações pedagógicas mencionadas, salientadas pelo Ver. João Carlos
Nedel, e agora confirmadas pelo nosso colega Prof. Garcia, colega da Educação
Física, também saudando como uma instituição pública, gratuita e de qualidade.
A Universidade Federal do Rio Grande do
Sul vem enaltecer a lembrança do Professor e Vereador Pedro Américo Leal por
essa iniciativa, pela qual nós agradecemos profundamente, Vereador, e também,
aos demais Vereadores desta Casa por esta homenagem, que não é mais nada do que
o reconhecimento, Ver. Leal, pelos relevantes serviços prestados à educação da
nossa Capital e do nosso Estado, não só no processo ensino-aprendizagem, mas
como também ultimamente, com inúmeras atividades de extensão - está aqui o
nosso Pró-Reitor Meirelles -, e também a área de pesquisa. Por isso que é um
colégio primaz para o Ensino Fundamental e Médio do nosso Estado. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Sr. Jorge Luiz Day
Barreto, Diretor do Colégio de Aplicação, está com a palavra.
O
SR. JORGE LUIZ DAY BARRETO: Srª Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) Prezado Professor Fernando Meirelles, meu colega da
Universidade Federal, Pró-Reitor de Extensão, Exma Professora Regina
Moraes, nossa ex-Diretora do Colégio, Professor Sérgio Cordeiro, Presidente da
Comissão dos Festejos, e quando cumprimento o Professor Sérgio estendo aos
demais membros da Comissão que estão presentes. Vou iniciar a minha fala
entendendo que o nosso amigo Ver. Pedro Américo Leal, a quem já agradeço em
primeira mão esta homenagem, sempre polêmico, nos incitando a discussões sempre
profundas sobre os nossos temas, mas me permito respeitosamente contradizê-lo
neste momento em relação a sua idéia sobre o ingresso no Colégio de Aplicação,
mas não hoje, o debate não se instalará hoje, porque hoje a minha felicidade
como Diretor do Colégio de Aplicação é muito grande por esta Casa nos acolher e
homenagear esta Escola que está fazendo hoje cinqüenta anos. Quero dizer que
saí um pouco da minha fala, porque precisava fazer um registro.
Quero, inicialmente, agradecer as
palavras do Ver. João Carlos Nedel e dizer que, realmente, a Profª Marilce é
uma excelente colaboradora e o meu amigo de longa data, Prof. Garcia.
O Colégio de Aplicação - e fiz toda uma
fala para apresentar a vocês um pouco da história - é uma escola voltada para o
ensino, a pesquisa e a extensão no âmbito da educação básica.
Esses princípios fazem o Colégio se
confundir com os próprios princípios da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, que também estão apoiados nesses princípios e são os pilares que sustentam
a qualidade, o empreendedorismo e a inovação pedagógica, que até hoje permeiam
no nosso cotidiano escolar.
Bases essas que foram firmadas no ano de
1954, ano da criação do Colégio, pela ousadia – e essa palavra estou repetindo,
ao ouvir a Profª Vera, ontem – das Professoras Graciema Pacheco, fundadora e
primeira Diretora do Colégio, e Isolda Paes e Luiz Pilla que, em conjunto com
as Professoras Elita Copstein, Marta Blauth de Menezes, Alda Gomes, Rosália
Negrete, Olga Paraguassu, Inah Medeiros Pacheco e Nena Ébole, lançaram o
ideário de uma escola-laboratório no interior da Universidade, configurando-a
com estratégias de ensino, múltiplas em sua diversidade, com vistas a empenhar
processos de aprendizagem coordenados, tanto em complexidade como em nível de
desempenho intelectual, afetivo e social, com intervenções do professor
tecnicamente calculadas para estimular com oportunidades as passagens de um
nível ao seguinte, com a devida atenção aos ritmos e estilos cognitivos e
pessoais dos alunos.
Assim nasceu o Colégio de Aplicação com
olhar universitário, voltado para a formação do professor, na medida em que
este espaço institucional foi historicamente construído e vivenciado como locus específico para experimentar a
relação e integração dos diversos níveis de ensino, alimentando permanentemente
o projeto educacional pela via da reflexão teórico-prática, concretizada pela
pesquisa acadêmica.
O Colégio constitui-se em um centro de
investigação educacional que atende objetivos de um saber reflexivo consonante
com as necessidades da sociedade em que está inserido, e realmente, Professor
Garcia, se nós tivéssemos a oportunidade de uma visão não-caolha em termos de
educação, poderíamos ter muito mais Colégios de Aplicação. E me dói muito, Ver.
Pedro Américo Leal, que nas nossas discussões, seja por seleção ou por sorteio,
não possamos contemplar as 1.700 pessoas que todos os anos procuram o Colégio
de Aplicação.
Sua trajetória de 50 anos é rica em
histórias de sucesso, sendo permanentemente lembrada pela comunidade gaúcha e
brasileira, inclusive cito brasileira porque em 2000 recebemos uma premiação de
Projeto Pedagógico Inovador hors-concours
em termos de educação, que é o nosso Projeto Amora e que trabalha, sim,
Professor Pedro com a informática, mas trabalha com a informática
equilibradamente com os outros componentes curriculares, do qual nós temos
algumas certezas. Nós somos lembrados sempre como sinônimo de qualidade de
ensino, e é importante salientar que o compromisso do Colégio de Aplicação com
a produção do conhecimento quanto à educação básica não se esgota em si mesmo,
ele está envolvido com a questão educacional numa perspectiva social mais
abrangente e para isso interage com as diferentes realidades, mantendo vínculos
com as várias unidades da UFRGS e de outras universidades e também com a
comunidade em geral, através das trocas de experiências constantes com as
escolas do sistema de ensino público e privado.
Todas essas ações qualificadas são fruto do
trabalho responsável e competente dos professores e servidores de todos os
tempos, porque além de excelentes profissionais, souberam entender o
significado do Aplicação como uma escola-laboratório da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, uma escola que sempre se apoiou e se apóia no tripé
liberdade, autonomia e responsabilidade, o que gera uma consciência crítica em
todos que por lá passaram ou que ainda permanecem. Parabéns a todos.
Finalizo, reiterando os agradecimentos a
esta Casa na pessoa do Ver. Pedro Américo Leal, e um agradecimento pessoal,
agradecimento meu: obrigado, Colégio de Aplicação, por ter sido o fator mais
importante e mais definitivo na minha vida como educador. Muito obrigado a
todos. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Mais uma vez eu quero
cumprimentar o Ver. Pedro Américo Leal pela sua bela iniciativa, sua bela
lembrança. Gostaria de agradecer a todos pela presença, com a certeza da
continuidade dessa trajetória de excelência, de qualidade de ensino do Colégio de Aplicação. Parabéns pelos 50
anos.
Estão suspensos os trabalhos por um
minuto, para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h49min.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes - 15h50min):
Estão reabertos os trabalhos.
A Verª Clênia Maranhão está com a palavra
em Grande Expediente.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu gostaria de trazer a esta tribuna um debate
que está, neste momento, ocupando os parlamentos brasileiros, mas que, na nossa
avaliação, não pode ficar restrito aos debates internos do Congresso Nacional,
das Câmaras de Vereadores, das Assembléias Legislativas.
Há toda uma discussão em relação à
decisão tomada sobre o número de Vereadores brasileiros. Quero, primeiro,
lembrar que, se vigorar a proposta do Judiciário, a Câmara de Porto Alegre, com
esses novos cálculos, terá a possibilidade de ampliação do seu número de
Vereadores. Portanto, a intervenção que nós fazemos no questionamento desse
tema político, que trata também da questão democrática, que foi feita por este
Parlamento, não se constitui em defesa dos interesses das Vereadoras e dos
Vereadores que compõem a Câmara de Porto Alegre.
Nós, os Vereadores, sabemos, e é
importante que a população do nosso Município também saiba, que a Câmara
Municipal de Porto Alegre tem o número mínimo de Vereadores hoje garantidos
pela Lei. Poderíamos ter mais, temos 33, que é o número mínimo; poderíamos ter
até, pela legislação vigente, neste momento, 45 Vereadores.
Porém esta polêmica não é uma polêmica
restrita ao Município de Porto Alegre. Mesmo com a nova leitura feita, nós
teremos um aumento do número de Vereadores. Mas alguns argumentos que foram
apresentados na defesa da redução do número de Vereadores de vários Municípios
partem de absurdas desinformações, partem de premissas antidemocráticas e não
de um debate político sobre a questão do papel dos parlamentos e das suas
responsabilidades de representação neste momento da sociedade brasileira. O
argumento mais usual e, talvez, o mais convincente, que parte de uma premissa
não verdadeira, é que, quando tiver redução do número de Vereadores de uma
Câmara de um Município, haverá redução dos gastos públicos, e isso não é
verdade. A parcela de repasse financeiro para o Legislativo Municipal é
definida pela Constituição, independente de ter nove ou onze Vereadores. Eu não
estou falando, aqui, de salários dos Vereadores dos Municípios do Interior, que
é um outro debate, que é uma outra questão; eu estou falando, aqui, da questão
da capacidade de representação do conjunto da problemática de um Município,
neste momento, no Brasil, um País que, desde a aprovação da Constituição de 88,
começa a delegar para os seus Municípios uma série de responsabilidades e
atribuições que antes nós não tínhamos. É o caso da responsabilização sobre
áreas prioritárias para os munícipes, como a área da saúde, a área da educação
fundamental, das políticas de assistência. Este Plenário, inclusive, neste
momento, está repleto de municipários, discutindo, aqui, os sistemas
previdenciários, e todas essas questões que envolvem os Executivos Municipais,
envolvem, necessariamente, um maior preparo, a participação, o acompanhamento e
o compromisso dos Legislativos.
A tendência, hoje, de todas as
instituições que trabalham o tema da democracia e os modelos de democracia
representativa e participativa se direciona na descentralização dos Poderes e
no fortalecimento dos Poderes locais. E o Poder local não pode ser compreendido
meramente como fortalecimento dos Executivos nos Poderes locais. O
fortalecimento do Poder local tem de se constituir baseado no fortalecimento
das instituições do terceiro setor, da sociedade civil organizada, do
fortalecimento dos seus parlamentos municipais, das suas Câmaras de Vereadores,
que devem fiscalizar, que devem acompanhar, propor e garantir a aplicação das
políticas públicas na defesa dos munícipes. Portanto, a discussão que tem de
permear, hoje, os caminhos da democratização do poder local passam
necessariamente pelo fortalecimento das instituições locais, quer sejam
legislativas, executivas ou da sociedade civil.
Esse é um debate importante a ser feito,
inclusive está sendo feito desde ontem, em Porto Alegre, em um importante
acontecimento que ainda prossegue na tarde de hoje, onde estão presentes vários
Deputados Federais, Vereadores, técnico-legislativos, juristas e presidentes de
associações, para procurar uma alternativa à proposta que está em vigor e uma
proposta alternativa à redução proposta pelo Supremo Tribunal, porque, na
verdade, na avaliação de todos esses que vivenciam as questões cotidianas do
Legislativo, compreendem a necessidade do fortalecimento e, inclusive, da
rediscussão do próprio papel dos Vereadores.
Nós achamos que a democracia não pode ser
avaliada em cima de critérios financeiros, mas tem de ser avaliada em cima da
necessidade objetiva da população e da necessidade da resolução dos seus
conflitos e problemáticas cotidianas.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Dr.
Goulart.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, quero agradecer ao Ver. Dr.
Goulart que me cedeu seu tempo, pois provavelmente não falaria como vou falar
agora. Eu acredito que nesta Câmara eu quase sou uma voz isolada: eu acho que
nós não precisamos de mais Vereadores, não; nós não precisamos de mais
Deputados Federais, não; nós não precisamos de mais Senadores, não, porque
quantidade não é qualidade! (Palmas.)
Eu quero dizer a V. Exas,
Vereadores e Vereadoras, que o Congresso Nacional, hoje, me decepcionou
profundamente, mas tão profundamente que eu entendo que a atitude não foi
parlamentar, foi uma atitude para
lamentar, e já a havia elogiado nesta tribuna. Há uma Comissão, em Porto
Alegre, de Deputados Federais, solicitando para não diminuir o número de
Vereadores. Há uma Comissão de Deputados Federais, no Hotel Embaixador, para
ouvir os Vereadores e não se diminuir número deles. Não precisamos de mais
Vereadores, não!
Eu fui Vereador, nesta Casa, com 21
Vereadores e 3 Comissões; hoje temos 33 Vereadores e 6 Comissões, e continuamos
não produzindo nada! (Palmas.) Nos tempos em que eu fui Vereador, numa Câmara
de 21 Vereadores, eu nunca vi, eu nunca vivi um momento de retirada de quórum
para que não houvesse Sessão. (Palmas.) Nunca, nunca vi isso! (Palmas.) Hoje,
nós retiramos o quórum com a maior facilidade, nós não estudamos os projetos a
serem discutidos, a serem debatidos, para depois serem votados. Nós discutimos
“o sexo dos anjos” e quando chegam os grandes projetos nós silenciamos, porque
não temos mais tempo, mas com 21 Vereadores nós sempre tínhamos tempo, porque
nós tínhamos muito menos projetos de lei inócuos, sem nenhuma razão de ser,
autorizando o Prefeito a fazer; ele já tem autorização naquilo em que os
Vereadores querem autorizá-lo a fazer, faz se quer!
Mas, o que me aborreceu profundamente,
hoje, quando ouvi e li, que estariam, às 14h30min, no Hotel Embaixador,
desavergonhados Deputados Federais para ouvir os Vereadores, e eu quis saber
por que não estavam eles aqui, em Porto Alegre, antes para dizer que a alíquota
da Previdência era 11%? Por que não debateram com o povo explicando o motivo
pelo qual a Constituição colocou esse número? Eu já havia dito aqui: fizeram
que nem a Zélia Cardoso de Melo, colocaram num chapéu três papeizinhos,
escolheram um. Eu duvido que um Deputado Federal tenha as condições de dizer
por que é 11%. Eu quero saber deles. Mas por que não vieram na Câmara Municipal
ou no Hotel Embaixador discutir a PEC Paralela que não é votada? Eu precisava
saber disso! Não me interessa ter mais Vereadores. Olhem o plenário! Onde estão
os Vereadores? (Palmas.) Eu, ontem, ouvi, desta tribuna, de um Vereador - creio
que do Ver. Sebastião Melo – que votaria pela diminuição do recesso desde que
os autores dos Projetos estivessem aqui. Onde estão? Nós, com a presença dos
senhores funcionários do Município, não vamos votar nada hoje, não! Nós temos
de cumprir ainda o Grande Expediente, depois há as Comunicações, depois tem a
Pauta e depois nós vamos ver o que iremos fazer. Mas, muito provavelmente,
diremos ao senhores: "Até segunda-feira!", porque nós somos 33
Vereadores e tem gente querendo que sejam 35. Eu sempre defendi que deveriam
ser 21, mesmo quando eu fui eleito no meio de 33; desde o momento em que passou
para 33, eu fui contrário.
Agora eu pergunto, no Congresso Nacional,
que falam tanto da Revolução, quando aumentaram o número de Deputados para 513?
Foi na Revolução. Aí servia, aí não tinham que criticar a Revolução, aí era
tudo bom para eles, mas para o povo brasileiro nada!
Nós não sabemos porque as coisas são
votadas, agora, nós sabemos que houve uma convocação extraordinária para votar
a PEC Paralela. Votaram? Não. Levaram dois salários? Levaram. O povo pagou, mas
o povo não sabe o que vai ser feito com a PEC Paralela, e, aí, pressionam as
Câmaras Municipais para decidir o que os cretinos, lá, não fizeram. Mas
receberam os dois salários. (Palmas.) Isso tem de parar, não pode continuar
assim!
Os Estados Unidos, por exemplo, tem 50
Estados, nós, 27. Eles têm mais de 100 milhões de habitantes mais do que nós e
um milhão de vezes o dinheiro que nós temos, e têm 400 Deputados. Mas eles são
obrigados a prestar conta do que fazem, são obrigados a trabalhar. Aqui no
Brasil é mais comum - eu não sei quem olha o Canal 17 ou 18 - encontrar o
plenário do Senado e da Câmara vazios. Mas tem de aumentar o número de
Deputados, tem de aumentar o número de Senadores e também, agora, o de
Vereadores. Eu acho que o que é necessário, o que é preciso é que cada um
trabalhe um pouco mais e entenda que político tem de realizar o bem comum e não
só o bem-estar pessoal! Saúde e PAZ! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Dr. Goulart
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, faz-se necessária a manifestação da Liderança do
PDT frente a um fato único que aconteceu em todo o mundo, saindo da Cidade de
Porto Alegre. O Dom Dadeus Grings lança uma cartilha falando sobre a densidade
demográfica e, pela primeira vez na história da humanidade, a Igreja Católica
absolve a pílula anticoncepcional e a camisinha. Pela primeira vez, na história
do mundo, a religião que povoa a grande maioria dos lares do Brasil, e já se
dizia antigamente, nos nossos livros de religião, que o Brasil era o coração do
mundo e a Pátria do Evangelho. Dom Dadeus Grings se reporta ao fenômeno, assim
dizendo, à questão dos métodos artificiais, quer da pílula, quer da camisinha
(Lê.): "Não é questão de vida ou morte, trata-se de uma opção entre o
natural e o artificial. A Igreja opta por meios naturais por serem mais consentâneos
com o plano de Deus, mas quem opta pelos meios artificiais, como sempre se faz
na Medicina, nem por isso se afasta da Igreja, apesar de não seguir suas
orientações nesse campo, a pessoa não corre o risco da excomunhão”. Esse trecho
é um momento de compaixão humana. Quantas mulheres que, por serem muito
religiosas, deixam de usar o método anticoncepcional e acumulam filhos nas
vilas? Quantas mulheres deixam de usar o método anticoncepcional com medo de
estarem em pecado? Foi, talvez, uma das manifestações sociais mais importantes
que aconteceu nos últimos tempos para a sociedade mundial, partindo da
sociedade brasileira. Não se esperava isso. Pouco se falou nos jornais; pouco
se fala à boca pequena; pouco se disse desse ato de compaixão de Dom Dadeus Grings.
Nós sabemos, muito bem, que 27% das
mulheres que freqüentam o pré-natal do SUS têm menos de 15 anos de idade; menos
de 15 anos de idade: mais do que 1/4 das mulheres que freqüentam o pré-natal.
As mulheres das vilas, que não estão inseridas na cultura, no âmbito do
trabalho, no âmbito social, têm cinco, seis filhos. E as mulheres que evoluem
mais – as mais aqui do Centro da Cidade – têm, no máximo, dois filhos –
raramente três filhos.
E, agora, a Igreja permite que se fale
abertamente sobre isso, que se diga para as mulheres que não há pecado nenhum
em querer fazer o planejamento familiar. Sua Eminência, Dom Dadeus Grings, vai
mais adiante: em cima do documento, ele chama de controle da natalidade;
controle da natalidade é aquele momento em que o Governo diz quanto filhos uma
mulher tem de ter - ao passo que nós sabemos que o que se exerce no Brasil, e
pelo que nós devemos lutar é pelo planejamento familiar, que não existe. As
Unidades de Saúde têm de dar pílula anticoncepcional, têm de ter DIU para as
mulheres. E para aquelas mais pobres, que não conseguem entender a pílula, que
não conseguem usar DIU, porque não se adaptam a ele, têm de fazer a ligadura de
trompas quando têm cinco, seis, sete filhos, porque a sociedade não agüenta
mais isso. É certo que o planejamento familiar tem de ser falado cada vez que
se fala em Fome Zero; cada vez que se quiser lutar contra fome tem de diminuir
o número de comensais. E, no entanto, não se ouve falar nisso em nível federal,
e, muito menos, na saúde local. Precisamos correr junto com a fome, diminuindo
o número de pessoas. A violência existe também, porque o número de pessoas é
enorme; não existem empregos, não existem soluções.
Então, só resta a esta Câmara, a este
Vereador, que é um homem de ponta da Saúde, um médico do SUS, agradecer esse
momento de compaixão, de lucidez, essa aproximação da Igreja Católica com o seu
povo. As outras religiões se aproximam com carinho, com músicas, com momentos
de atenção às pessoas; a Igreja Católica estava devendo essa aproximação.
Parabéns, Dom Dadeus Grings. Que bom que o senhor entendeu que Sua Santidade, o
Papa, jamais ficaria brabo sabendo que uma mulher não quer ter o oitavo, não
quer ter o nono filho.
Igreja Católica: a sociedade, os médicos,
a ciência, o povo, o mundo, que tem 7 bilhões de pessoas, dizem: “Muito, muito
obrigado, Dom Dadeus Grings!” (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Elias Vidal
está com a palavra em Grande Expediente.
O
SR. ELIAS VIDAL: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras
e Srs. Vereadores, como também os senhores que se encontram nesta Casa por uma
razão muito justa, o nosso cumprimento a todos.
Antes de entrar no assunto em que me
quero demorar, gostaria de aproveitar este momento nobre para deixar bem claro,
em relação ao Previmpa, que este Vereador – Ver. Elias Vidal – vai votar junto
com a sua Bancada no sentido de estar ao lado do funcionário público. (Palmas.)
Nossa Bancada não vai abrir, nós estamos fechadinhos, estaremos ao lado do
funcionário público. (Palmas.)
Cada Vereador nesta Casa procura-se
especializar numa área. É impossível um Vereador entender de tudo muito bem.
Cada um desponta mais em um setor que contempla a sociedade e os seus anseios,
mas é impossível um Vereador, um Parlamentar, agradar a todos e entender de
tudo. É como o médico, o Dr. Goulart, que falou antes deste Vereador, é um
médico, um especialista: ele trata mulheres, crianças, gestantes; é a sua
especialidade. Ele até pode fazer um trabalho numa outra área médica, mas não é
a sua especialidade. Hoje, precisamo-nos dedicar cada um àquilo que sabe fazer,
e fazer o máximo de bem-feito aquele trabalho, aquela ação.
Este Vereador entende que cada um aqui,
da mesma forma, cada Vereador é especialista. O Ver. Beto Moesch, por exemplo,
é especialista na área de meio ambiente. Quando as pessoas vêm falar comigo
sobre essa área, eu digo: “Esse Vereador é o melhor da Casa, não há outro”. Os
outros são um quebra-galho. Agora, ele, nesse setor, é o melhor que tem.
Quando as pessoas me procuram em outras
áreas - não dá tempo de eu dizer aqui as especialidades de cada Vereador; se eu
tivesse tempo eu falaria –, digo que cada um aqui tem a sua especialidade e o
faz com muita propriedade. E nós precisamos ser humildes para entender quando não
é a nossa área. Uma área da qual eu acho que entendo um pouquinho melhor do que
todos aqui - e talvez eu esteja sendo um pouco deselegante, mas vou deixar a
falsa modéstia de lado e vou falar -, é a área de droga. Eu acho que tenho
obrigação de entender um pouquinho mais do que todos aqui. Por quê? Não porque
eu tenha usado drogas. Primeiro, porque eu fui vítima de um usuário de drogas
que me tomou o relógio e me deu um tiro. Dos senhores que estão aqui nem todos
conhecem a minha história, mas eu levo uma cicatriz no pescoço de uma bala que
entrou pelo meio do pescoço, passou por cima do coração e saiu pelo pulmão, e
eu fiquei tetraplégico por um tempo. A partir daí, eu senti os efeitos da
violência no corpo. E quando você sente a dor, você sente o impacto do corpo
quando bate na terra, você sangra no chão, você entra numa hemorragia interna e
externa, você fica com falta de ar no chão, e as luzes se apagam, e o socorro
não vem; então você passa a entender melhor o problema.
A partir daí - completou vinte anos,
agora, no dia 27 de fevereiro, que aconteceu isso comigo -, comecei a me
dedicar a essa área. E desde então tenho feito os meus pronunciamentos, mais
recentemente na tribuna, mas já vinha fazendo há muitos anos, e os senhores já
leram várias reportagens que saíram em jornal, rádio e televisão. Já há muitos
anos, quando eu nunca nem pensava em me envolver em política. E vinha sempre
fazendo as minhas considerações. E parecia que as minhas considerações eram de
um alarmista, de uma pessoa que fazia as suas considerações sem fundamento. Eu
já vinha falando há muito tempo nesse sentido e dizendo ao estágio a que nós
chegaríamos.
E eu faço um alerta, fui o Presidente
proponente da Comissão sobre Drogas e Violência; fiz, juntamente com outros
Vereadores, um rastreamento dentro de Porto Alegre. E, em Porto Alegre, o que
se diz que tem, não tem. É algo maquiado, é caso de polícia. É caso de polícia,
porque os jornais mostram pelo País, e Porto Alegre não está de fora. Um dos
jornais do dia 13, agora, o penúltimo dia, mostra o corpo de um jovem no Rio de
Janeiro sendo carregado num carrinho. Dá para ver que é o corpo de uma pessoa
jovem. Poderia ser teu filho, teu neto. Poderia ser a minha filha, que tem
dezessete anos. Poderia ser você. Está aqui! E essa situação não é menos grave,
porque nós estamos correndo também para uma situação assim.
E se nós não nos protegermos, se nós não
articularmos, se nós não tivermos uma discussão justa, honesta, embasada em
coisas sérias, Porto Alegre não vai ficar diferente, dentro de poucos anos, do
Rio de Janeiro e de São Paulo. Nós estamos com a cracklândia instalada em Porto Alegre e a sociedade está à mercê.
Eu sou fundador de uma instituição
chamada Projeto de Saúde, estamos indo para a quinta unidade de recuperação
dentro de Porto Alegre. Este Vereador trabalha com jovens, com mães. O que eu
menos faço, na realidade, é política aqui dentro. Os senhores me vêem mais
trabalhando com famílias. Esta foi a proposta deste Vereador, quando ainda não
era Vereador, de que se fosse Vereador dedicaria o seu tempo, a sua influência
para ajudar as famílias que estão enfrentando problemas nesse campo.
No ano passado, quando foi votada a LDO - Lei de Diretrizes
Orçamentárias -, para um dos Conselhos, para o Comen - Conselho Municipal de Entorpecentes
-, foram votados apenas cem reais - senhores, não é cem mil - para um Conselho
discutir as políticas sobre este assunto, tema por qual passa toda essa
violência dentro de Porto Alegre. Mas sabem quanto votaram? E este Vereador
teve de brigar com vários Vereadores da Situação, até que liberaram, pelo
menos, cinqüenta mil reais para que tivessem caneta, papel e pudessem mandar
correspondência, para começar a discutir as políticas nesse campo.
Temos outras notícias em jornais. Está
virando moda, agora, mães amarrarem seus filhos. Por que mães amarram seus
filhos, senhores? Porque não têm aonde levar os seus filhos se eles forem
usuários de drogas. Eu desafio qualquer pessoa a mostrar que Porto Alegre tem
lugar adequado, um lugar contínuo. O que nós temos aqui é o PAN 3, com sete
leitos, que é dividido: metade para doenças mentais e outro quadro psicótico, e
outra para desvio comportamental por dependência química. São apenas três
leitos, e se alguém tiver de baixar seu filho tem de recorrer ao Ministério
Público para conseguir, pois não existe... Sabem o que existe, senhores? São
casas que apresentam um trabalho maquiado só para dizer que estão fazendo o
trabalho. São casas que incentivam as crianças a saírem das vilas, das
periferias da Grande Porto Alegre, porque em Porto Alegre tem cama para dormir,
se eles quiserem; tem banho; tem comida. Então, eles saem de lá... Nós temos
quinhentas crianças de rua e mais mil com relacionamento fragilizado, se
desprendendo das suas famílias, entrando em estado de dicotomia com as suas
famílias; entrando em divórcio com as suas famílias. Mais de mil crianças. Se
somarmos, teremos um exército de mil e quinhentas crianças, sem considerar os
moradores de rua adultos, que estão indo para as praças. Não existe uma política
que ajude os moradores de rua. O que existem são albergues. E, precisamos
discutir essa questão dos albergues, porque são um estímulo, também. Se os
senhores entrarem nos albergues verão que essa política de colocar o indivíduo
a dormir, à noite, e durante o dia irem para a praça beber cachaça, tem de
mudar. Mas, é um assunto para uma outra discussão. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
(O Ver. Ervino Besson assume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Elói Guimarães
está com a palavra em Grande Expediente.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Ver. Ervino Besson na presidência dos
trabalhos, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhores funcionários,
senhoras funcionárias, municipários e entidades aqui presentes, nós entendemos que
as Ações Diretas de Inconstitucionalidade - não tenho dúvidas - terão êxito no
Judiciário brasileiro. Por que essas Ações terão êxito? Porque o Congresso
Nacional esmagou - este é o termo certo - direitos individuais, direitos
líquidos e certos. É o caso específico dos aposentados, por exemplo. Os
aposentados brasileiros submetidos ao Regime Geral da Previdência, ao longo de
30, 35 anos, contribuíram, honesta e religiosamente, para, ao final desse
período, terem a sua aposentadoria. E o que ocorre? Não sei bem que bicho comeu
a poupança que os trabalhadores brasileiros fizeram! E agora querem que os
trabalhadores paguem de novo. Então está aí a inconstitucionalidade: o direito
líquido e certo foi esmagado.
Assim vale também para o funcionalismo,
porque quando o funcionário ingressou no serviço público ele fez um pacto, um
contrato que se chama estatutário, no qual ele se compromete na forma do
Estatuto, que tem as suas regras; e o funcionário cumpriu as suas regras. Então
quanto ao aposentado é inquestionável a ilegitimidade da Emenda que faz com que
ele contribua de 0,1% a 11%. Não se pode cobrar do aposentado qualquer
percentual sob pena de ferir-se de morte o princípio constitucional do direito
adquirido.
Mas fiquemos aqui com a proposta do
Executivo. O cálculo atuarial correto está aqui: é 22,91%. E não 31,58%. Isso é
solar, isso é claro como um dia ensolarado. Por que isso? Porque se inclui,
aqui no cálculo atuarial, um elemento estranho, que é um passivo, que é uma
dívida. Esse elemento não pode ser incluído. Esse não é o elemento próprio do
cálculo atuarial, é uma dívida, um débito que a Prefeitura tem, que o Executivo
tem com o Previmpa. E nós temos reiteradamente dito: vamos negociar isso em
apartado. Podemos até não ouvir os funcionários, as lideranças, mas quem sabe
podemos até trabalhar nesse rumo. Por que podemos trabalhar nesse rumo? Porque
temos a figura da compensação. Os funcionários municipais têm um crédito da
bimestralidade. Foi paga a bimestralidade, na ordem de mais de 6%. É um crédito
que decorre da política salarial do Município. É lei, e não se pode deixar de
cumprir a lei!
Então, há esse crédito, dos funcionários,
e se pode, aí sim, discutir, fazer-se o entendimento sobre esse passivo de 40
milhões de reais. Agora, querer-se embutir, ad
perpetuum, para todo o sempre, pelo resto da vida, mais um percentual, de
6,67%, é meter a mão lá no fundo do
bolso magro do servidor! Esse é um elemento estranho.
E isto aqui não é discurso, absolutamente
não! Aqui não se está fazendo discurso para a platéia, absolutamente não!
Está-se analisando um dado, um elemento, dados concretos, objetivos. O
percentual de 6,67%, para a ciência atuarial, é estranho; é estranho ao cálculo
atuarial, porque o passivo é pro tempore:
uma vez pago esse passivo, ele desaparece. E aí o funcionário vai continuar
pagando 6,67%? É aí que se coloca a usurpação! Isso é claro e inequívoco, Ver.
João Dib; dispensa novo cálculo; nós não precisamos mais de cálculo atuarial -
está aqui! Estes dados são sérios, concretos e objetivos.
Então, não precisamos mais saber de
cálculo atuarial nenhum, Ver. Isaac Ainhorn. Está aqui! Está aqui o Previmpa, e
fica aqui a afirmação, sob a responsabilidade de alguém que tem seis mandatos
de Vereador: com 22,91% se faz, sim, a previdência dos servidores municipais de
Porto Alegre; 6,67% é estranho! Representam os 40 milhões! Agora, querer
embutir a taxa - vejam - de administração, que está na lei? Peguem a Lei nº
478; ela diz que é do Município essa responsabilidade. Querem embutir para o
servidor? Ora, Srª Presidente e Srs. Vereadores, nós não podemos aceitar porque
é uma usurpação, é um garroteamento ao direito! Então, fica aqui a nossa
manifestação. Não é discurso para a platéia, não é discurso para nada. Isto é
uma análise! Eu quero que enfrentemos essa análise, então. Vamos para o
enfrentamento dessa análise. Digam-nos em contrário. Digam-nos que esses 40
milhões são elementos próprios e específicos do cálculo atuarial. Absolutamente
não! Tanto é verdade que uma vez desaparecendo os 40 milhões, aí sobeja a
parcela de seis vírgula setenta e poucos.
Então, fica aqui a nossa manifestação,
para até fazermos uma negociação. Há um descoberto de 40 milhões? Vamos fazer a
compensação! Isso é fácil de fazer! O Município deve a bimestralidade aos
servidores. É x. Tem 40 milhões.
Vamos fechar. E vamos estabelecer o correto, certo, absoluto: 22,91%. Obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn
está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Ervino
Besson.
O
SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidenta e Srs. Vereadores, todo
mundo conhece a minha posição sobre o tema. Eu acho que essa intervenção, do
ponto de vista técnico, feita aqui pelo Ver. Elói Guimarães, como ele afirma
com propriedade, do alto dos inúmeros mandatos que tem, é verdade, ele tem de
fazer essa prestação de contas para a sociedade; acho correto. Eu, realmente,
acho que, neste momento, em respeito a essas posições... Porque nós temos de
ver quem é que criou esse imbróglio. E não há o voto do Ver. Elói, isso está
muito claro. Eu quero saber como é que votaram esses partidos que dão
sustentação ao Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na época da Lei
nº 9.783, de 1999, quem votou a favor daquele princípio que a contribuição
social do servidor público civil ativo, inativo e pensionistas dos três Poderes
da União para a manutenção do regime da Previdência Social, seria de 11%. Nós
tínhamos de cobrar, ver quem são esses partidos e quem são esses Parlamentares que
votaram isso, quando deveriam remeter, não a alíquotas fixas, mas, sim, a
princípios baseados, Ver. Elói Guimarães, em cálculos atuariais. A Lei tinha de
ser genérica, não já com esse princípio para criar esse verdadeiro imbróglio
que nós hoje estamos enfrentando, mas que, felizmente, o PT não vota isso,
porque sabe que aqui, neste Plenário, será derrotado. (Palmas.)
Então, acontece aquilo que
tradicionalmente acontece, ou seja, vão empurrando com a barriga, para ver se
conseguem alguma coisa. Mas ao mesmo tempo em que eu tenho esta posição clara e
inequívoca, e fui um dos que dentro do Partido, do PDT, sustentei o fechamento
da questão. Por isso eu acho que, neste momento, perante as lideranças dos
municipários, eu tenho aqui a autoridade de dizer que não deve ocorrer agressão
frente a um debate, frente a uma matéria que tem natureza jurídica.
Eu me filio ao lado daquilo que melhor
atende aos interesses dos municipários e tão-somente, não vou ficar nas
filigranas jurídicas, (Palmas.) e é em nome dessa posição que tive desde o
primeiro momento desse debate aqui nesta Casa, embora não tenha manifestado
publicamente, mas nas entrevistas, nas minhas posições, eu tenho dito, quando
instado a me manifestar, em nome disso que eu faço um apelo à direção dos municipários
para que retirem as faixas que constituem e que têm características de
agressão, até porque esse negócio de agressão não é história de um sindicalismo
vinculado às forças desses sindicatos que estão aí. Há, na realidade – por isso
que faço o pelo -, essa prática de agressão e de violência contra os
parlamentares, ela tem tradição, isso sim, dentro das patrulhas petistas,
historicamente sabem disso.
Quem gosta de fazer outdoor, quem gosta de montar essas estruturas não é o democrático
trabalhismo de esquerda, esse faz, não se filia, nem historicamente o PTB, não
parte para essa.
Eu lembro-me quando aqui, nesta Casa, eu
sempre sustentei a liberdade do comércio. Eu ia para os outdoors: “Esse votou contra os comerciários”. Hoje estão os
comerciários aí querendo a abertura do comércio aos domingos. Eu dizia, naquela
época: “Um dia os senhores vão lutar pela liberdade do comércio”. Eu defendo
certas teses aqui. Eu, desde o primeiro dia do meu mandato, vim aqui defender
aquilo que é fundamental, na minha opinião, que é do ponto de vista do
exercício da ação parlamentar, do funcionamento do Poder Legislativo. Se os
senhores lerem a história deste Legislativo, vocês vão encontrar várias
propostas minhas, algumas votadas, pedindo recesso de 30 dias para o Parlamento
de Porto Alegre.
Tenho essa posição, sempre tive e não
preciso estar aqui cobrando quem está ou não está, até porque há Vereadores,
que neste momento, não estão presentes aqui, seja do PDT, do PT, do PMDB, mas
os conheço, sei que estão em atuação parlamentar. E não se faz atuação
parlamentar só no plenário, há Vereador que tem essa linha e a gente respeita.
Há outros que têm um tipo de trabalho e vão junto as suas comunidades, e temos
que respeitá-los e desempenham bons mandatos. Só há um grupo, um segmento bem
grande, que decide de 4 em 4 anos quem volta, que é o povo. Quem volta e quem
não volta, e os que não estão aqui e os que vão chegar a esta Casa. A esses nós
devemos a prestação de contas e o respeito maior. Esses vão dizer: essa é a
cassação legítima, não a cassação dos atos institucionais número 1, 2, 3, 4, 5,
que estabeleceu a violência contra o povo brasileiro nos idos de 1964.
Por isso que eu digo, faço o apelo que
isso aí, esses cartazes, fala quem sustenta publicamente, sempre, porque tinha
desde o primeiro momento a posição em defesa do funcionalismo e contrário a
essa violência que se quer praticar contra o funcionalismo; já se praticou, se
fez tudo que é exercício possível e imaginável, até para acabar com a
bimestralidade. Hoje quem quis acabar com a bimestralidade está lá na corte de
Brasília, muito bem, obrigado. E muita gente aqui, infelizmente, votou neles.
Pois até eu, até o meu Partido, mas a gente erra! Até o meu Partido, nós
entramos nesse barco. Agora já vão ter a resposta nas urnas, o povo vai dar a
resposta nas urnas. (Palmas.)
Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
eu acho que tem de se votar essa matéria o mais rápido possível. O compromisso
dos trabalhistas, do PDT, em questão fechada, partidária, é votar contra o
Projeto do Executivo! (Palmas.)
Agora, mais uma vez, vou fazer um apelo:
para não trazerem aquele tipo de ação política da época do patrulhismo petista
que sabe escrachar com a vida de figuras de respeitabilidade da vida nacional.
Não cabe esse tipo de colocação, até porque, para não se lembrar mais dessa
gente. Não cabe esse tipo de frase, agredindo um Vereador, até porque, de
repente, a gente pode ganhá-los. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio
Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidente, Srs. Vereadores, nós
temos ouvido discursos, aqui, com alegação muito sólida de que há um
dispositivo constitucional que exige, para todo o Brasil, em todas as
circunstâncias previdenciárias, um mínimo de 11%. Isso é da nossa Constituição,
é da Lei. Só que eu vou votar contra esses 11%, porque esse dispositivo da
Constituição, que pode até ser Lei, é profundamente injusto! Ele é inadequado
em relação aos cálculos que deverão ser feitos, que deverão ser analisados, e
se, eventualmente – e isso eu queria dizer a todos vocês –, uma Bancada retira
o quórum, aqui na Câmara, não quer dizer que essa Bancada não seja guerreira,
não seja trabalhadora, e nós que vamos passar, graças a Deus, de 33 para 35 -
quem dera fosse para quarenta, quarenta e dois, quarenta e três Vereadores -,
porque a Cidade também cresceu. Cresceu em número de pessoas, cresceu em número
de necessidades, e nós não somos milagrosos. E eu também trabalho aqui sem ser
corregedor da Casa, sem achar que eu tenha o direito de julgar os meus Colegas;
eu também trabalho vinte e quatro horas por dia. Evidentemente que eu durmo,
que eu me alimento, que eu sou um ser humano, que eu tenho necessidades. Mas agora,
eu queria dizer para vocês que esta Casa, com todos os defeitos que ela possa
ter, ainda é uma Casa com dignidade, com seriedade e com os seus Vereadores
voltados aos interesses da população de Porto Alegre. Eu não estou fazendo a
defesa da Casa, nesse sentido corporativo. Não. Eu tenho idéia do que seja
responsabilidade. Há trinta e seis anos eu trabalho em um local da Cidade de
Porto Alegre, onde eu sou obrigado a trabalhar desde cedo da manhã, e eu faço
isso com a maior alegria da minha vida; eu faço isso, num momento de grande
felicidade. Assim como me sinto quando estou aqui na Câmara, extremamente
feliz, pois me sinto como representante da Cidade de Porto Alegre. Isso para
mim é mais do que uma condecoração; isso para mim é uma forma de viver extremamente
agradável. E nós, muitas vezes, somos juizes, e temos esse papel na Câmara
Municipal.
Hoje nós temos de julgar, e esse
julgamento é feito, inclusive, como o de qualquer Juiz de Direito, com a
quantidade do que deverá ser feito pela sociedade em função dos seus interesses
familiares, em função dos interesses administrativos, dos seus interesses de
conduta. Assim como o Direito se faz para isso, a política também é usada para
essa questão de julgamento da verdadeira Justiça que tenha de ser feita aos
trabalhadores brasileiros. Se há algum erro que possa se atribuir a este
Plenário, não é o da omissão. Nós estamos aqui, nós vamos discutir, nós vamos
até o fim, e levar avante, uns pensando de um jeito, outros pensando de outro,
e não é para agradar a corporação, mas é um sentimento interno, meu, de
justiça, que faz com que eu e a grande maioria dos Vereadores desta Casa não
concorde com esse verdadeiro castigo que está sendo imposto a uma classe, que
não merece esse tipo de tratamento.
Os salários estão achatados neste País,
sem aumento, com as condições esquálidas no bolso de cada um, e com os níveis
de exigência da sociedade cada vez aumentando mais, nós necessitamos de uma
visão muito mais crítica. E, depois de ouvidos os técnicos, saber que podemos
fazer uma previdência municipal em níveis satisfatórios com uma importância
muito menor, que não seja aquela importância que venha a massacrar, torturar,
cada vez mais, como um gravame insuportável no bolso dos nossos funcionários. É
isso aí! Obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Sofia Cavedon
está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Gerson
Almeida.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Srª Presidenta, prezados colegas
Vereadores, prezados colegas municipários e municipárias, por quem tenho muito
respeito e me orgulho de fazer parte da caminhada dessa categoria. É a primeira
vez que ocupo a tribuna no meu retorno à Câmara de Vereadores. Esse intervalo
de um ano e 3 meses para assumir funções no Executivo, foi de uma imensa
aprendizagem, diria que valeu uma vida, pelo trabalho intenso, mas muito pelo
que fui desafiada, juntamente com a minha equipe, como funcionária municipal,
numa Secretaria com 5 mil e 500 funcionários, numa ação em Porto Alegre que
abrange 60 mil alunos, quase 10 mil crianças atendidas em convênio com creches
e outros tantos adultos estudando nas nossas turmas do MOVA. Mas, mais do que
isso, desafiada porque, quando gestores da Administração Popular, nós, na
verdade, gastamos, no bom sentido, a maior parte do nosso tempo construindo a
política pública na relação com a comunidade, e isso é de uma riqueza e de um
aprendizado sem par.
Quando o Ver. João Dib dizia aqui:
"onde estão os Vereadores?”, eu pensava: bom, mas aqui pode estar um pouco
vazio, mas as plenárias do Orçamento Participativo, Ver. Dib, ontem, havia mais
de 900 pessoas, cidadãos comuns no Tesourinha, senhores e senhoras, discutindo
o rumo desta Cidade, sim; discutindo financiamento público, sim, do Poder Público
Municipal, que é o que viabiliza que a gente possa ter crescido, por exemplo,
em educação, 300%; por exemplo, ter crescido, enquanto funcionários municipais,
em 300% o atendimento e, portanto, a presença e investimento de recursos
humanos, sem perder a qualidade dos nossos salários e as condições de trabalho.
Ou seja, quando a gente fala em Orçamento Participativo não há contraposição ao
funcionário público.
Então, a vida que esta Cidade tem, que a
gente não enxerga muitas vezes, a vida democrática e cidadã desta população, a
mais carente - e trago aqui uma frase emblemática do Luiz Carlos, que é uma
liderança comunitária, conselheiro do OP do Morro da Cruz, que disse que “os
proletários de Porto Alegre estão projetando Porto Alegre no mundo”. E é verdade,
porque eu pude constatar horas e horas de reunião em que as pessoas simples
desta Cidade dedicam-se em reunião de mobilização, dedicam-se a discutir a sua
vida, a discutir a política pública, a definir os investimentos, a discutir a
qualidade do nosso trabalho - nós, funcionários municipais - são de emocionar,
e mudaram Porto Alegre nesses 16 anos.
Como Secretária e Professora da rede
municipal, essa foi a experiência mais significativa da minha vida
profissional. Enxergar que as pessoas que não têm água, que não têm escola, que
não têm casa estão lutando, estão crescendo, estão se informando, estão
destinando tempo da sua vida para controlar o Governo, para fiscalizar, para
aprender, para definir política pública, e depois vão atrás da obra, depois acompanham
na Comissão de Obra, depois fazem agilizar a licitação etc. etc., e vão para os
Conselhos. Isso é um exemplo de cidadania que é sem par, e que nos faz errar
menos, talvez, não acertar mais, mas errar menos.
Eu quero citar, fora o Orçamento Participativo,
o que é o Movimento de Creche Comunitária, que é um conjunto de atores,
educadores populares nesta Cidade. Hoje, 131 creches, mais de mil educadores
populares que trabalham nas creches comunitárias, que ganham salários
miseráveis e que atendem às nossas crianças lá nos morros, na periferia, e a
Prefeitura, nessa caminhada de 10 anos, tem conseguido com muita dificuldade
responder à grandiosidade do seu trabalho, da sua militância pela infância.
Quero registrar isso, porque eles nos pautaram, eles colocaram 35 novas creches
no Orçamento da Prefeitura, eles garantiram um convênio em que hoje mais de 600
mil reais são repassados às creches; eles estão em formação, os educadores
estão nas nossas escolas de ensino médio, fazendo curso de magistério; estão na
UERGS, na parceria que nós construímos; eles são a prova de que essa cidadania
ativada conta com a solidariedade e com a consciência social da população.
Assim, eu poderia falar do MOVA, que
também são educadores populares, a Cidade inteira faz a Capital mais
alfabetizada do País, e são educadores que se preocupam com a vida das pessoas,
trabalharam com a economia solidária o ano inteiro, das pessoas que catam
latinhas para sobreviver no dia-a-dia. E o MOVA ensina a gente como superar; e
a gente, os funcionários; a gente, o burocrata; a gente, os agentes de gestão,
que é sim possível superar o burocrático, superar o estruturado, as verdades
colocadas e criar novas alternativas e viabilizar uma vida saudável para todos.
Mas eu quero falar dos funcionários
municipais. Os meus 4 mil professores, colegas professores, 1.500 funcionários
surpreenderam pela resposta que dão com uma escola pública de qualidade para
todas as crianças na periferia dessa Cidade, com formação permanente, buscando
formação permanente. Conquistaram, no curto período em que eu estive lá, a
regulamentação do seu plano de carreira, uma luta em que eu tive a oportunidade
de viver, desde o tempo da ATEMPA e pelo Simpa, e que, agora, nós consagramos
em decreto regulamentador, uma conquista que veio da sua prática qualificada.
Esses professores, esses funcionários enfrentaram, junto com o Governo, o ano
orçamentário mais difícil...
(Manifestações das galerias.)
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Presidenta, eu gostaria poder concluir.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu solicito silêncio
da platéia para que a Vereadora possa concluir o seu pronunciamento, silêncio e
educação, também.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Eu espero não estar ofendendo e acho que
não. Acho que não estou ofendendo nenhum dos funcionários aqui, porque, se essa
cidadania toda está estimulada, e nessa Cidade é possível, porque os
funcionários públicos de Porto Alegre assumiram um Governo que trabalha com a
Participação Popular, trabalham desse jeito.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Vereadora,
seu tempo se esgotou.
(Manifestações das galerias.)
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Só um pouquinho da sua tolerância, Verª
Margarete, porque eu queria concluir dizendo que a Prefeitura, no ano passado e
neste ano também, ao viver restrições orçamentárias seriíssimas, contou com a
solidariedade e com a contribuição dos funcionários públicos, especialmente da
educação. Nós fizemos a nossa parte, não nomeamos nenhum professor novo, as
escolas contribuíram para a gente poder equilibrar as finanças.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Vereadora,
seu tempo se esgotou.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Os funcionários municipais têm mais um
desafio, gente, e encerro: retomar o Simpa para os municipários, para a gente
poder ter um diálogo, de fato, com a Prefeitura e continuar garantindo o que
até hoje esteve garantido para todos nós, que foi a recomposição salarial.
Obrigada pela atenção e pelo respeito.
(Não revisto pela oradora.)
(Manifestações das galerias.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Mesa aguarda
condições para dar continuidade à Sessão.
O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra em Grande Expediente.
Eu solicito ao Plenário que ouça
civilizadamente o pronunciamento do Vereador.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Srª Presidenta, colegas Vereadores e
demais pessoas presentes, eu pretendo abordar um tema que, durante alguns dias,
foi trazido a esta Casa por vários Vereadores, mas só agora tive oportunidade
de fazê-lo; e também quero abordar um pouco a questão da Previdência dos Municipários,
possivelmente levar também uma estrondosa vaia, mas gostaria de colocar
calmamente, educadamente, a minha opinião.
Inicialmente, quero dizer da minha
surpresa quando eu vejo, aqui, alguns Vereadores, por estar com esta presença
bastante grande na Casa, fazer um jogo, sem dúvida nenhuma, para a platéia.
Então, nós vimos, hoje, Vereador querendo ser o corregedor da Casa - e eu sou
um dos mais presentes no Plenário -, dizendo que não havia Vereador no
Plenário. Eu quero que vocês verifiquem a presença na segunda-feira, nesta
Casa; verifiquem a Sessão da segunda-feira e quem estava presente aqui. Quem
estava aqui na segunda deve lembrar. Portanto, não há como dizer que os outros
não estão presentes. O Ver. Isaac já disse que muita gente trabalha fora do plenário
também. Eu acho que, talvez, o discurso, Ver. Sebastião Melo, que Vossa
Senhoria fez no ano passado, está dando resultado, aparentemente.
Houve uma crítica contundente, por
exemplo, a esta obra que foi feita na frente da Casa. Uma coisa surpreendente,
uma obra muito bem feita, feita pelos municipários, o projeto acompanhado e,
depois, a execução, e a gente vê uma crítica desmedida. A obra está muito bem
feita, o Projeto foi aprovado de acordo com a Casa, com a Presidência do Ver.
João Dib e, agora, como o plenário tem bastante gente, modifica-se o discurso.
Mas eu quero dar a minha opinião,
esvaziar o debate com relação à questão ambiental do Município. Foi dito que
nós não temos nenhuma política ambiental, e eu quero recordar um pouco sobre
questões da nossa política. Começa, evidentemente, pelo abastecimento de água
na Cidade de Porto Alegre, que sempre foi um exemplo, mas que conseguimos
ampliar significativamente. Queremos dizer, com relação ao recolhimento e
tratamento de esgoto, que, em 1989, quando cheguei ao DMAE, tratava-se 1% do
esgoto em nossa Cidade, e a Cidade tinha 216 anos, e em 16 anos de trabalho,
chegamos em 27%, e há um projeto levado adiante pelo DMAE para dar um pulo para
77% de tratamento de esgoto na Cidade. Não há política de saneamento e de meio
ambiente aqui na Cidade? Eu acho que há alguém que não está acompanhando o que
está acontecendo.
Mudo para a questão dos resíduos sólidos:
quando assumimos a Prefeitura, havia um lixão, criado por várias administrações
antes da nossa, lá na Zona Norte, na área da Sertório, que foi transformado num
aterro sanitário devidamente encaminhado, e, de lá para cá, nenhum novo lixão
foi criado na Cidade. Lembro de outro lixão que havia nos outros Governos, nas
outras Administrações, aqui nas ilhas de nossa Cidade; outro lixão que paramos,
e agora somente há aterro sanitário.
Quero também lembrar da questão das
praças e dos parques. Foi esquecido de dizer, Ver. Beto Moesch, da reserva
biológica do Lami, que foi mais que duplicada de tamanho. Nós ampliamos
significativamente a área verde em nossa Cidade. A Terceira Perimetral tem uma
compensação toda aprovada em lei, em seu Estudo de Impacto Ambiental; várias
praças já foram criadas, mais uma área verde não-prevista na área do
Teresópolis, que a comunidade pediu. Como não temos política habitacional?
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Guilherme Barbosa, quero ajudar a V. Exª Na segunda-feira,
realmente, este Vereador faltou à Sessão, fato extraordinário, que deve ter
preocupado muita gente, mas já justifiquei a minha ausência. Quero dizer a V.
Exª, sobre a obra executada em frente à Câmara Municipal, que eu não disse que
ela era feia ou que ela era malfeita, eu só disse que era um atestado de
incompetência porque, na verdade, levou meses, e, para ajudar melhor, devo
dizer a V. Exª que o lixão que havia perto da Sertório é o mesmo em que a
balança aquela deu um prejuízo de 1 milhão de dólares para a Prefeitura, pois
pesava 14 toneladas, e, quando a balança quebrou, passou a 17; quando
arrumaram, voltou a 14. Saúde e PAZ! (Palmas.)
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Muito bem, o que nós poderíamos discutir,
Ver. Dib, por exemplo, é a obra da Avenida Farrapos, o concreto que foi usado
lá. Então, a gente tem muito que discutir. Se a gente quer aprofundar a
discussão, vamos chegar muito longe, com certeza; vamos verificar a nomeação de
milhares de pessoas quando um determinado Prefeito estava saindo da Prefeitura;
a gente pode aprofundar o debate! Não tem problema nenhum, podemos aprofundar!
Mas eu queria, ainda, voltar ao debate da
política de meio ambiente, a questão do Parque do Morro do Osso, mais um parque
estabelecido na Cidade, um parque que se implementa já com toda a vigilância do
Parque - estudos da PUC, estudos da UFRGS - agora ocupado por um grupo
especialíssimo de pessoas, e sabemos a dificuldade de trabalhar com essas
pessoas, que são os índios, com todo o respeito, índios Caingangues, mas
estamos pedindo a retomada da área, porque não é verdade a questão do
cemitério; agora se sabe que é mais uma lenda do que uma realidade. Então,
política nós temos de sobra na questão ambiental, o que não se pode é jogar
palavras ao ar.
Sobra-me um minuto e pouco, quero dizer que já em duas
situações levei vaias aqui, mas eu jurei, quando eu vim para a política, que eu
não iria fazer demagogia nem mentir para as pessoas. Com relação à Previdência,
eu quero lembrar dois fatos: houve um momento que nós tivemos uma posição muito
clara com relação ao Montepio, e o que aconteceu de lá para cá, qual a
situação, hoje, do Montepio, do seu patrimônio? Depois, nós tínhamos uma
disputa muito grande com o Simpa e a sua diretoria – não o Simpa, mas a sua
diretoria – e o que aconteceu com o Presidente do Simpa? O tempo leva a mostrar
que, às vezes, uma posição parece um absurdo, que a gente estaria brigando com
a categoria. Eu sou funcionário público estadual, e há muito tempo eu pago essa
tarifa, essa alíquota, por saber da necessidade dela. O Ver. Elói, que é nossa
referência pelo tempo que está aqui, não disse de onde vão sair os 40 milhões.
É um problema. De fato, tecnicamente, ele teria razão, se não houver os 40
milhões, mas de onde vão sair os 40 milhões? A questão é que nós não queremos
que, daqui a seis anos, daqui a dez anos, o Previmpa venha a ser um IPE! Essa é
a razão! Felizmente, estamos vivendo mais, e, portanto, precisamos de mais
tempo de contribuição. É preciso - se a gente pode dizer isso -, infelizmente,
ter uma contribuição maior. Foi pedido o cálculo atuarial. Pois bem, ele
mostrou: 10,4%, Ver. Sebenelo.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. Guilherme
Barbosa, por favor, conclua.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Agora, encerro, dizendo que, às vezes,
nos criticam, e até eu concordo que o nosso Governo Federal não tem coerência.
Algumas coisas eu aceito e concordo. Como é que todas as Bancadas, que são
apoio do Governador Rigotto, votaram, na Assembléia, a favor do Projeto do
Governador Rigotto, e aqui são contra? Se é coerência, nós temos de verificar a
questão da coerência. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos às
O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra
em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Maristela Maffei.
O
SR. ALDACIR OLIBONI: Prezada Presidenta, Verª Margarete
Moraes, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, municipários aqui
presentes, público que nos assiste pelo Canal 16, eu queria falar um pouco
sobre saúde. Nós sabemos que o Município de Porto Alegre, há 16 anos, quando
assumimos a Prefeitura, tinha apenas onze postos de saúde ou onze serviços em
saúde. Dezesseis anos depois, Porto Alegre, com uma população de um milhão e
360 mil pessoas, possui, hoje, mais de 144 serviços em saúde. Seriam
suficientes? Nós, que trabalhamos muito na COSMAM, ouvindo os apelos da
comunidade, sabemos o quanto é importante que esses serviços sejam ampliados.
Tanto é verdade, que, naquela época, tínhamos dois mil servidores. Hoje, temos
mais de seis mil servidores.
À medida que o tempo passa, percebemos
que os problemas são maiores e, mais do que isso, que os Municípios do Interior
não cumprem com a sua função social e trabalham com uma outra lógica, e não
aquela de implementar um posto de saúde ou um hospital regional ou local e
acabam trabalhando com a idéia da ambulancioterapia. Nós condenamos isso? Não,
não condenamos, porque nós achamos que esses serviços devem ser
universalizados. Mas é justo que o Município lá de fora gaste apenas 5% do seu
Orçamento e que Porto Alegre, hoje, gaste até 18% do Orçamento em Saúde? Qual é
o compromisso do Governo do Estado em relação a esse trabalho essencial, que
tornou Porto Alegre como centro de referência para o serviço de alta
complexidade em saúde?
O Governo do Estado aplicou, no ano
passado, 5% e não cumpriu nem com os 10% que deveria cumprir. Nós temos de
lembrar que Porto Alegre, à medida que o tempo passa, se torna referência em
atendimento médico, mas não tem a contrapartida dos Municípios do Interior, que
preferem adotar um mecanismo paliativo de simplesmente trazer pacientes para a
Capital. Eu apresentei um Projeto de Lei, criticado, ontem, pelo Ver. João
Antonio Dib, que institui o desfibrilador em locais públicos de grande
circulação. Por que esse Projeto que eu apresentei tem extrema relevância? Nós
acompanhamos, há pouco tempo, pela televisão, que dois jogadores morreram de
morte súbita, ou seja, simplesmente deu uma parada cardíaca nesses cidadãos,
que não tiveram nenhum mecanismo de ressuscitação nos dez minutos que eles
teriam de vida. A implementação do desfibrilador, que é um pequeno aparelho que
qualquer cidadão, com um rápido curso, com um treinamento pode operar,
possibilitará que o cidadão, a cidadã, mediante choques elétricos no coração,
se recupere da parada cardíaca, impedindo, assim, sua morte. Nós temos aqui na
Casa dois médicos, o Ver. Dr. Goulart e o Ver. Cláudio Sebenelo, que já
vivenciaram, inclusive, esse problema, e sabem que esse Projeto, ou esse
aparelho, será de grande alcance. Hoje, inclusive as ambulâncias não só
estão-se equipando com esse aparelho, mas estão procurando disponibilizá-lo à
população, pois se torna um mecanismo de solução rápida desse grave problema.
Então, eu faço questão de lembrar que, se
o Projeto for considerado inconstitucional ou com vício de origem, nós vamos
propor ao Executivo, até porque a SAMU está adquirindo dez desses
desfibriladores, para fazer essa, digamos, experiência de grande importância
para o bem da sociedade e o bem de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Ervino Besson
está com a palavra, em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Nereu
D’Avila.
O
SR. ERVINO BESSON: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos
acompanham nas galerias, especialmente os nossos municipários, bem como público
que nos acompanha pela TVCâmara, eu quero saudar a todos.
A Campanha da Fraternidade deste ano
trata sobre a água; esse líquido tão precioso que é a água. Inclusive, numa
matéria no jornal Solidário, o Jornal da Família, em sua edição do dia 17 de
março, diz o seguinte: “Alerta máximo à água”. (Exibe o Jornal.)
O jornal Zero Hora, do dia de ontem,
exibe na capa uma foto que deveria ser espalhada em todos os cantos da nossa
Porto Alegre. (Exibe o Jornal.).
Eu tenho dito várias vezes, nesta tribuna
- eu acho que a gente deve repetir quantas vezes forem necessárias -, que nós,
Vereadores, aqui, recebemos – não só este Vereador, mas a maioria dos
Vereadores – centenas de reclamações a respeito da qualidade da água. Que
vergonha esta foto! Os nossos munícipes, que poluem o nosso Guaíba, vejam esta
foto! É ou não é uma vergonha para a Cidade, uma vergonha para o nosso Rio
Grande e também para o nosso Brasil a grande quantidade de lixo que as pessoas
colocam no arroio Cavalhada, no arroio Passo Fundo, no próprio riacho
Ipiranga?! Aqui está o acúmulo de lixo!
Esta seca triste que o Rio Grande está
vivendo, com muitos Municípios em estado de calamidade pública, que não têm
sequer água para dar para o gado, fazendo com que a safra do trigo e da soja,
praticamente, esteja toda perdida. E nós vamos enfrentar sérios problemas na
Cidade de Porto Alegre. Queira Deus que não aconteça, mas diz aqui, no jornal
Zero Hora (Lê.): “Seca deve durar 90 dias”. Noventa dias! E nós poluindo o
Guaíba da forma como nós estamos poluindo e cobrando do DMAE pelo gosto da
água. Mas será que nós também não temos a nossa parcela de culpa na forma como
está sendo poluído o nosso Guaíba? Está aqui a vergonha desta foto, é uma
vergonha; eu me sinto envergonhado como porto-alegrense! (Mostra o jornal.)
Sinceramente, acho que cada um de nós,
colegas Vereadores e Vereadoras, queridos municipários, temos de ter um pingo
de vergonha, porque esta foto nos envergonha, a poluição do nosso Guaíba, a água
que nós tomamos! Será que essas pessoas que reclamam do gosto da água, da
qualidade da nossa água, será que não têm, também, uma parcela de culpa pela
poluição, nessa grande quantidade de lixo que está sendo colocada no Guaíba?
Está aqui uma prova, uma foto que envergonha a nossa Cidade, envergonha o nosso
Rio Grande.
Parabéns ao jornal Zero Hora e a esse
fotógrafo que tirou esta foto que o jornal publicou na sua capa. Isso, sim,
deve ser espalhado pela Cidade, para que as pessoas se sintam envergonhadas
quando olharem esta foto, a quantidade de lixo que é colocado, poluindo esse
liquido tão precioso, que é a água, não no futuro, pois já temos hoje problemas
seriíssimos com a água. O alerta está sendo feito aqui. A CNBB, em muita boa
hora, alertou, prova está na Campanha da Fraternidade alertando para a situação
da água. Água, gente!
Fica aqui o nosso alerta, minha cara
Presidenta, para que de repente - e por que não? - o DMAE baixe um decreto, uma
medida provisória proibindo que as pessoas lavem seus veículos com esse líquido
tão precioso, que é a água. Se não chover nos próximos dias, a Cidade
enfrentará problemas extremamente sérios, assim como uma grande quantidade de
Municípios do nosso Rio Grande estão enfrentando esse terrível problema da
falta de água. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Ervino
Besson.
O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra em Comunicações e depois utilizará o tempo de Comunicação de Líder.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Volto a abordar o tema de Segurança
Pública, que tinha banido das minhas abordagens, diante do quadro que se
apresenta neste Estado. Os Secretários de Segurança de vários Estados
brasileiros reuniram-se e discutiram com o Ministro da Justiça – está nos
jornais de hoje -, Dr. Thomaz Bastos, a liberação de recursos para a segurança
da sociedade – segurança de vocês, das famílias -, o que eu, há 40 anos estudo
e faço algo para tornar realidade. Pergunto: quantos profissionais em Segurança
Pública – profissionais, homens dedicados à Segurança Pública – opinaram sobre
o assunto em benefício da sociedade? Quantos, lá em Brasília, estão à testa da
segurança pública, quantos? Não sei. Acho que nenhum deles! Quantos presídios
federais foram construídos no Brasil – nenhum! – para manter praticantes de
crimes federais: tráfico de drogas e contrabando de armamento. O que fez
Fernando Henrique Cardoso? O que
fez? Ensaiou, enunciou planos, não cumpriu nenhum! Todos sabem, não concluiu
nenhum. O que está acontecendo foi previsto. Nós precisaríamos ter 800 mil
celas no Brasil, devido à população, e temos pouco mais de 20 mil. E fica tudo
por isso mesmo! Ninguém entende de Segurança Pública, principalmente os
figurões que estão aboletados na Segurança Pública do Brasil! Gente
despreparada a buscar verbas que não existem. Volto a alertar para as
improvisações na área da Segurança da sociedade. Isso diz respeito a vocês! Na
Segurança da sociedade são vocês os sacrificados. Não sou só eu.
Os partidos políticos cometem deslizes
imperdoáveis. Por quê? Porque, para satisfazer apetites eleitorais, deslocam
Deputados eleitos para proporcionar vaga a suplentes. E é este o escândalo que
existe no Brasil! Deputados que não entendem nada de Segurança Pública! Eles
vão preencher os cargos, porque é preciso dar vaga para um suplente, para
mandar para Brasília, ou para colocar na Assembléia Legislativa. Assim não dá!
É um crime! Completam assim secretarias e ministérios. Pergunto: é ou não é?
Segurança é coisa séria! É a nossa família que será atingida pelo descaso.
Sabem quanto custa ao Brasil o crime? Cento e trinta bilhões de reais por ano!
Dez por cento do PIB! Nos Estados Unidos equivale a 6,5% do PIB. No Brasil,
10%. É difícil viver assim! São dados estatísticos do Professor José Alexandre
Scheinhman, da Universidade de Princenton, ele tem estatísticas dos Estados
Unidos. Reajo muito aos Estados Unidos, mas eles têm estatísticas; nós não
temos informações adjuntas. Afirmamos coisas que não sabemos. Os Secretários da
tal reunião, lá em Brasília, apoiaram...
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. Pedro Américo
Leal, V. Exª tem a palavra por mais cinco minutos em Comunicação de Líder.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Muito obrigado. Apoiaram uma Moção de
Solidariedade ao Secretário Garotinho! Vejam só! Ao Secretário Garotinho! Ele,
que está solicitando quatro mil homens do Exército venham a ser comandados por
ele! Mas como uma tropa federal pode ser comandada por um Secretário Estadual?
Só na cabeça dele! É uma bagunça generalizada! Parece brincadeira! No fim do
documento, ao que se sabe, os Secretários presentes solicitaram o tratamento da
questão de forma profissional. Mas pode? Eles não são profissionais! Não
entendem nada de segurança pública! Como é que querem que seja dada uma solução
profissional? Não pode!
O Estado do Rio Grande do Sul é um
exportador, juntamente com Santa Catarina e Paraná; atingem 40% de exportações
no Brasil e o Estado está morrendo à míngua! O Governador não tem dinheiro para
nada! Falta verba! Pobre Rigotto! Pobre Rigotto, meu colega na Assembléia
Legislativa! Educação parada! Polícia Civil parada! Brigada Militar meio
parada! Institutos criminais meio parados! SUSEP: não temos presos em
delegacias, mas já temos lotação excedente de quatro mil presos. O Rio Grande
se prepara para apresentar, pela primeira vez, excesso de lotação de quatro mil
presos em presídios. Os jornais de 9 de junho de 2003 afirmaram que seis em dez
moradores de Porto Alegre temem sair de casa por causa do crime. Na área
central a média vai a 86% da população. Não saem à noite. E esse Deputado
Federal, o Luiz Eduardo Greenhalgh, autor do Estatuto do Desarmamento,
concluiu, quando pesquisava os meninos das favelas, que tinha de desarmar a
população obreira! Desarmou o pessoal que trabalha! Que tinha direito ao porte
de arma! Que queria defender-se dos bandidos, da marginália! O que dizer agora
quando se vê balas traçantes (Imita o som de balas.), balas iluminadas cortando
o céu do Rio de Janeiro, vindas dos morros da Rocinha e do Vidigal?! O que deve
estar pensando?! Ele, que dizia que desarmando terminaria com o problema de
crime no Brasil! Mas como?! Não é assim que se termina! É gente improvisada,
não entendem nada de segurança pública! Não entendem nada!
Sabem que armas são essas? São armas suíças e alemãs que estão
chegando aqui. Estão chegando embarcadas!
Não adianta desarmar a população! Que desarmamento fez?
Nenhum! Pobre Deputado Federal Luiz Eduardo Greenhalgh! Pobre coitado! Não
entende nada!
“Não se meta a fogueteiro!” - dizia a minha
avó, isso quando o sujeito não entende do que fala. Quando o sujeito não
entende, que fique quieto! Não dê palpite!
Que plano essa gente tem? A pena pelo porte de arma para o
cidadão é de dois a quatro anos de prisão - crime inafiançável! E a bandidagem
anda armada à vontade! O Rio de Janeiro está provando! Quero saber como é que
esse Greenhalgh vai responder a questão agora! Desarmou os bandidos?! Não;
desarmou a sociedade!
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Ver. Pedro
Américo Leal.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu vou encerrar. Chega de amadores, de
políticos improvisados que vão-se aboletar nas Secretarias de Segurança e nas
Secretarias dos Ministérios nada têm que ver com segurança pública! A sociedade
está afogada, não sabe o que vai fazer! À noite, ninguém vai tomar chimarrão
sentado em cadeiras nas calçadas! O povo está alarmado e amedrontado! Até
quando?! Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Verª Helena Bonumá
está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Raul Carrion.
A
SRA. HELENA BONUMÁ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes,
Ver. Pedro Américo Leal, que ocupou esta tribuna, tratando do tema da
Segurança, que de fato tem sido um dos temas mais debatidos pelas nossas comunidades
e que tem aparecido em todas as pesquisas como um problema sentido, um problema
que a comunidade entende que tem, de fato, de ser enfrentado pelas instituições
públicas. Se o apelo e a dramaticidade do Ver. Pedro Américo Leal são reais e
refletem o crescimento de um problema grave que os nossos países enfrentam no
último período, que é a violência urbana, eu não posso concordar com o que o
Coronel Pedro Américo Leal aponta como solução para esses problemas.
Eu acho que nós temos de analisar, Ver.
Pedro Américo Leal, o tema da violência urbana nas suas raízes, e nós temos de
enxergar mais além daquilo que aparece nas pontas do processo da violência
urbana, ou seja, o grande crime organizado, que é um grande negócio
internacional, que movimenta, em nível internacional, trilhões de dólares, Ver.
Haroldo de Souza, e que se constitui num grande negócio. E quem comanda esse
negócio normalmente não aparece, normalmente não é vulnerável, normalmente não
está nas manchetes ou nas páginas policiais da nossa imprensa. Quem comanda
esse negócio são pessoas que, a partir desse comando, detêm todo um poder, um
poder econômico principalmente, mas que se relacionam com o poder político
também, como nós já tivemos oportunidade de ver, por exemplo, na CPI do Narcotráfico
no Congresso Nacional.
Mas esse tema tem sido debatido, no
último período, pelos Municípios, e o Governo Lula trouxe para esse processo
uma grande inovação, que é a formulação do Sistema Único de Segurança Pública
que, desde o ano passado, o Governo Lula passa a debater com os Municípios,
constituindo, inclusive, no segundo semestre do ano passado, uma alteração no
Fundo Nacional de Segurança Pública, permitindo que os Municípios sejam
parceiros, pela primeira vez na história do Brasil, dos Estados e da União nas
ações na área da Segurança Pública. De que forma? Evidentemente, a Constituição
brasileira não atribui maiores competências aos Municípios na área da Segurança
Pública, a competência é dos Estados e da União, mas nós temos, nos Municípios,
possibilidade, sim, de desenvolvermos ações de prevenção, políticas de
prevenção e o SUSP, o Sistema Único de Segurança Pública, que coloca os
Municípios então, desde o ano passado, nessa perspectiva.
Pela primeira vez, o Município passa a
ter, então, Ver. Pedro Américo Leal, a possibilidade concreta de estar
desenvolvendo ações de prevenção na área da Segurança Pública. Por que isso é
importante? Se o grande crime organizado tem de ser combatido com inteligência,
com tecnologia, com uma Polícia Federal bem articulada com outras polícias
internacionais, com um bom sistema em relação às nossas fronteiras e à
inteligência, nós sabemos que os Municípios podem ter uma ação de prevenção,
uma parceria com os Estados, no sentido de estarmos desenvolvendo projetos que
criem alternativas para as pessoas em relação à criminalidade. Com que lógica o
Ver. Pedro Américo Leal trabalhou aqui? A lógica que vigora nos Estados Unidos
de que nós temos de estar investindo no sistema prisional, e os Estados Unidos
é um País que tem mais de dois milhões de presidiários e onde há um índice de
homicídio altíssimo. Nós sabemos que isso é uma política cara. Nós aqui
trabalhamos com que orientação, Ver. Sebenelo? Nós trabalhamos com a idéia de
que cada vez menos pessoas tenham no crime uma forma de sobrevivência, uma
forma de referência, uma forma de inclusão, como é o que nós estamos vendo.
Então, a triste experiência do Rio de
Janeiro demonstra o quê? Primeiro, governantes equivocados. O Vice-Governador
do Rio de Janeiro teve a coragem de propor a construção de muros, como V. Exª,
Ver. Sebenelo, estava dizendo aqui que voltamos à Idade Média. Então, não se
trata disso, trata-se de políticas preventivas que incorporem as populações em
vulnerabilidade social e políticas técnicas, qualificadas, que, de fato, tenham
condições, a partir da ação em nível Estadual e Federal, de combater o crime
organizado. Agora, nós lamentamos que aqui no Rio Grande do Sul, atualmente
pela política de segurança, a greve da Brigada, a greve da Polícia Civil está
demonstrando que está muito aquém do que deveria.
O
Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Só para dizer que o pesquisador José Vicente Tavares dos Santos,
da UFRGS, que faz essa pesquisa, o título de uma entrevista dele sobre os
dizeres “Ordem e Progresso”, da Bandeira é a seguinte: “A ordem é
inalcançável”.
A
SRA. HELENA BONUMÁ: Obrigada, Srª Presidente.
(Não revisto pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra em Comunicações.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, na noite de ontem recebi o telefonema de uma pessoa amiga que me
dizia estranhar que, com a minha experiência parlamentar, tivesse me
manifestado, no dia de ontem, diante de um quadro que seria, seguramente,
hostil à nossa manifestação. Eu quero reiterar a todos que eu sou um homem de
me arrepender daquilo que não faço, mas nunca daquilo que faço.
Ontem eu pretendia, e parece que não
consegui, falar com o maior respeito a quantos aqui na Casa se encontravam, na
oportunidade. Realmente, eu estava pasmo, na medida em que, no início da tarde
aparecia a história de que eu tinha modificado o meu voto. Eu não conseguia
saber sequer qual era o voto que eu tinha modificado, porque, em verdade, até o
presente momento não dei nenhum voto nessa matéria. Nenhum voto foi dado nessa
matéria, porque a Casa não decidiu, absolutamente, sobre nada.
Então, não poderia ter mudado aquilo que
não dei, nem alterado compromisso que não tinha assumido anteriormente. Eu
tenho algum vínculo com os municipários de Porto Alegre e profundo respeito a
todos, até mesmo com aqueles que divergem de mim, com os quais tive respeitosas
pendências no passado, quando a posição era diferente e eles sustentavam que eu
deveria aprovar medidas propostas pelo Governo, e eu entendia que aquelas
medidas seriam prejudiciais à categoria dos municipários, o que efetivamente
veio a ser demonstrado com o correr dos tempos.
Mas, afinal de contas, o que eu fiz, o
que eu disse, o que magoou tanto essas pessoas que, ontem, usando um direito
democrático que eu proclamo, que eu quero ver permanentemente nesta Casa, me
vaiaram estrepitosamente, e não me ofenderam com a vaia. Manifestaram o seu
desagrado com as minhas posições. O que eu fiz de tão grave assim que provocou
a ira de tantos dos servidores municipais na oportunidade? Disseram, e eu
passei a entender lendo algumas das placas aqui colocadas, que eu esperei que
os municipários saíssem do plenário, na quinta-feira da semana passada, para
mudar o meu voto. Bom, eu não tinha votado nada e não poderia mudar coisíssima
nenhuma.
Segundo, a gente fala aqui no momento em
que é permitido falar. Por exemplo, eu estou falando agora, porque, pela ordem
alfabética, eu teria de falar neste momento. E, na quinta-feira passada, o que
eu disse? Eu disse que nós estávamos vivendo um grande drama, porque, apesar de
nós entendermos que os 11% que se pretende cobrar de alíquota dos servidores
municipais para custeio da Previdência, era uma demasia. Em que pese eu
continuar pensando isso, eu estava alertando a Casa de que – e não foi feito
por mim –, desde o dia 19 de dezembro de 2003, foi acrescentado na Constituição
Federal – e não foi por mim nem pelos Deputados que eu elegi –, por meio da Emenda
Constitucional nº 41, acrescentou-se, Srª Presidente, um parágrafo no art. 149
da Constituição, que diz claramente o seguinte (Lê.): “Parágrafo 1º - Os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição cobrada de
seus servidores para o custeio e benefício desses, do regime previdenciário de
que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior a da contribuição dos
servidores titulares de cargos efetivos da União”. Isso eu disse, está escrito
na Constituição.
Essa Emenda Constitucional - eu vejo
algumas pessoas me darem muita atenção, eu fico muito feliz com isso -, foi
aprovada cinco dias depois que nós, a pedido dos municipários, forçamos a
retirada desse Projeto, no dia 14 de dezembro do ano que findou, porque havia
um consenso que nós precisávamos esperar a decisão dessa Emenda Constitucional.
Pois a Emenda Constitucional nos trouxe esse presente de grego. Então, o que eu
dizia, e repito, respeitosamente, é que se eu entendo que é uma demasia a
cobrança dos 11% e se eu estou impedido pela Constituição de decidir abaixo
desses 11%, o que eu tenho de propor para a Casa, e propus, que nós buscássemos
botar a nossa inteligência a serviço do interesse público para construirmos uma
saída que contornasse essa realidade constitucional, que dentro da Constituição
nós...
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. Reginaldo Pujol,
gostaria de alertá-lo: o seu tempo já acabou.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Presidenta, eu lhe pediria a fineza de me
conceder tempo para uma Comunicação de Líder pelo PFL. (Assentimento da Srª
Presidenta.) Fico grato a V. Exª Eu tenho comigo mesmo - e perdi um pouco o
raciocínio pela interrupção - que nesta Casa existem suficientes homens e
mulheres competentes e creio que com sinceridade suficiente para entender essa
realidade e em cima dela trabalhar e encontrar uma saída legal e
constitucional. Disse na quinta-feira - acho que poucos ouviram - que até a
tentativa do Ver. João Antonio Dib, não consumada, poderia estar-nos indicando
o caminho, quando o Ver. João Antonio Dib buscava vincular a bimestralidade
não-paga no passado com a aprovação por nós do que foi proposto pelo Executivo.
Disse que nós tínhamos de trabalhar nesse sentido. Eu vinha buscando trabalhar
nesse sentido. É provável que eu tenha ido ao quarto andar da Prefeitura, quem
sabe para trabalhar sobre isso. Aliás, não foi a primeira vez que eu fui ao
quarto andar da Prefeitura nem será a última. Eu vou com muita freqüência aos
órgãos municipais exercer o meu mandato parlamentar. Disseram-me pessoas
amigas, sinceras, gente com quem eu tive a partir de ontem enormes
conversações, que eu viesse hoje aqui e alterasse a minha posição que,
certamente, eu ganharia o desagravo dos municipários amanhã, muitos aplausos,
em vez das vaias que recebi no dia de ontem.
Isso muito me gratificaria, se viesse a
acontecer. Acho que na vida pública a gente vive da vaia e do aplauso, mas é
muito mais confortável a gente receber o aplauso.
Agora, vou ser muito objetivo na
afirmação que vou fazer: eu nunca vou conseguir aplausos se tiver de tomar uma
postura não-sincera ou mentirosa, com a qual não possa me conciliar
permanentemente.
Não vou dizer nunca que nós, Vereadores,
no atual momento constitucional brasileiro, temos competência para fazer uma
alíquota menor do que 15%, porque não a temos.
Meus caros amigos, não quero nominar
ninguém, para não constrangê-los, mas todos sabem o que estou dizendo, se
fizermos isso, estaremos repetindo equívocos anteriores. Isso aconteceu quando
conciliamos em votar a constituição dessa autarquia, hoje já endividada, que
recebeu uma tarifa política, porque tinha como objetivo a eliminação de uma
instituição do Município de Porto Alegre. Naquela ocasião, colocamos na lei que
a aprovação e a vigência da lei estava condicionada à realização de um plebiscito.
O plebiscito foi derrogado em juízo.
E não tenho a menor dúvida de que se nós
tomarmos uma deliberação em contrariedade com a Constituição Federal, estaremos
sendo submetidos, caro Ver. Bosco, a mais um constrangimento dessa ordem.
Dizem-me da mesma forma que me diziam que
tinha de esperar a Emenda Constitucional em dezembro do ano passado; agora,
dizem que tenho de esperar a Emenda Paralela.
Eu tive a preocupação de, ontem, buscar
me informar sobre aquilo que está escrito no Parecer em discussão, e não em
votação, na Comissão Especial da Câmara dos Deputados.
Lamentavelmente, esse alerta eu passo aos
senhores municipários. Lá, no Parecer que está em discussão, não está escrito
nada que modifique e altere essa situação constitucional.
Então, não vou ficar mentindo para vocês.
Eu não vou vir aqui e dizer: “Olha, a PEC Paralela vai resolver todos esses
problemas”; e eu gostaria que resolvesse; gostaria que a PEC restabelecesse o
direito de eu legislar na plenitude no Município de Porto Alegre; hoje não tenho
direito nessa matéria.
Eu não posso, mesmo que queira,
deliberar; ao menos, posso, tão-somente, impedir que seja mais, mas nunca
determinar que seja menos. A PEC, o relatório em discussão no Congresso
Nacional não fala em nada disso.
Agora, eu pertenço ao PFL, o Partido que
mais resistiu a esse contexto todo. Se eu lesse, aqui o nome das pessoas que
assinaram essa Emenda Constitucional acho que alguns companheiros ficariam
envergonhados de ter representantes na Câmara e no Senado Federal. Não o farei!
Não vou ser antiético, mas todo o País sabe que foi um rolo compressor o que
ocorreu, e que eu havia denunciado nesta Casa que não estava sendo feita uma
reforma previdenciária e, sim, uma derrama fiscal, e o que se queria era tirar
mais dinheiro do bolso do trabalhador brasileiro. Conseguiram; botaram na
Constituição, e não cabe a mim corrigir.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Renato
Guimarães está com a palavra em Comunicações.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Srª Presidenta, Sras e Srs.
Vereadores, eu trago à tribuna um tema, e acho que, além da minha manifestação,
nós devemos buscar a manifestação da Comissão de Direitos Humanos desta Casa,
que é, na realidade, o desdobramento da ação executada pelas polícias civis e
Brigada Militar em Porto Alegre, orientadas pelo comando dessas polícias e por
uma política do Governador do Estado no sentido de, enquanto polícia
administrativa, sair a conduzir, a recolher os moradores de ruas, os mendigos,
os miseráveis desta Cidade, num processo chamado de política de orientação para
uma polícia administrativa. Foi assim o conceito externado pelo Secretário,
que, nada mais é, sejamos bastante francos aqui, do que preconceito direto com
o miserável, porque o miserável tem de ser identificado, miserável tem de ser
recolhido.
Buenas,
eu quero, se a polícia administrativa vai ter a tarefa de identificar todos os
cidadãos de Porto Alegre, que vão, então, ali na Goethe, então eu quero que vão
em alguns lugares da Cidade e façam a mesma política de identificação. Não pode
ser só nos moradores de rua, nos pobres, nos miseráveis, porque aí é
preconceito, aí é perseguição. Buenas,
se é miserável, tem de ser identificado, tem de ser conduzido até a delegacia e
tem de ser fichado. Buenas, tem de
fazer! Se é política dessa Secretaria de Segurança, Secretaria de insegurança pública, porque eu já trouxe
aqui os dados que mostram que a política de desastre desse Secretário de
Segurança não consegue... Há gente que já está dizendo isso: "Que saudade
da política de segurança pública do Bisol!" Há gente que está dizendo
isso! Está com saudade, por quê? Porque essa política que está aí, que manda
atirar primeiro e depois manda identificar, está botando todo cidadão deste
Estado nessa situação de insegurança. Portanto, essa política orientada que foi
executada em Porto Alegre é política de perseguição, não é em nada política de
garantir segurança pública. É preconceito, sim, contra os miseráveis e contra
os pobres.
Eu queria que o Governo do Estado
respondesse pelo Projeto Migrante - um projeto que estava sendo construído em
parceria entre a Prefeitura e o Governo Estadual para atendimento dos migrantes
que vêm do Interior para a Cidade de Porto Alegre e depois não conseguem, aqui,
um local, e ficam a perambular. Havia um projeto sendo encaminhado, até hoje
não tem resposta da Secretaria do Estado em relação a esse projeto. Eu queria
saber para onde foi o dinheiro do corte do Família Cidadã - que era um outro
projeto na área social; a Rede de Assistência, o projeto coletivo de trabalhos.
Todos os projetos na área social deste
Governo - do chamado Governo do coração, que tinha um grande afago, é um
coração rachado hoje -, todos os projetos sociais foram cortados. E o projeto
social que há, agora, é botar a Brigada Militar e os policiais civis a
recolherem os miseráveis da Cidade para saber se eles têm identidade ou não
têm. Buenas, fizeram uma pesquisa e
disseram: "Não, a população quer que todos os cidadãos sejam
acolhidos". Está-se construindo, vem-se construindo muita política de
acolhimento na Cidade. Agora, a população não quer, Ver. Pedro Américo Leal,
perseguição, preconceito. Tratar o cidadão miserável desta Cidade com a fachada
de ladrão? É miserável, deve ser ladrão? Não, não é assim! Se é política
identificar os cidadãos, eu quero que a Brigada Militar e a Polícia Civil vão
fazer essa ação em outros lugares da Cidade, e não só lá onde estão os
miseráveis, porque, do contrário, essa política é a de voltar 40 anos atrás; é
a política que orientava - pela política da vadiagem - a prender todo mundo,
orientava a prender manifestantes políticos, orientava a prender todos. É essa
mesma política que está voltando? O Secretário de Segurança Pública tem de se
atentar de que os dados e os cortes que ele está fazendo na área de Segurança
Pública estão levando este Estado à insegurança.
Não é o mendigo da Praça da Alfândega que
está criando a insegurança; quem está criando essa insegurança, para finalizar,
é o descontrole em relação ao tráfico de drogas, ao crime organizado. Porque
não há política de informação, não há política de prevenção nessas áreas; essa
área foi totalmente desmantelada.
Portanto, perseguir miserável não é
política de segurança pública. E esta Casa e a Comissão de Direitos Humanos têm
de se manifestar em relação a isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo
está com a palavra em Comunicações.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, muito especialmente eu quero saudar, aqui na platéia, o Coronel
Neme, essa figura extraordinária, e eu vi que estava com ele também o meu
companheiro de Partido, o Coronel Joaquim, ex-Deputado nosso do Rio Grande do
Sul, uma saudação muito especial. Eu quero, aqui, preliminarmente, dizer que o
Vice-Líder da Bancada continuísta, o Ver. Renato Guimarães, não logra êxito
porque ele representa um Governo Federal que é um Governo que prioriza comprar
avião de luxo e não investe no social. Então, eu quero desafiar V. Exª a vir
discutir, nesta tribuna, e fazer comparativo do Governo do Estado com as
políticas sociais do Governo Federal - que não existem! Esse é o Governo da
banqueirada, esse é um Governo que está atrelado ao Fundo Monetário, seguidor
da cartilha neoliberal do Fernando Henrique. Então, não há problema nenhum? Mas
eu quero dizer... Mas quem é V. Exª para falar? Os senhores, que retiraram os
mendigos das ruas na época do Fórum Social para mostrar que esta Cidade não
tinha mendigo, têm a coragem de vir aqui dizer isso? Os senhores que fazem
salamaleque para banqueiros e que batem em camelôs, nesta Cidade, todo o dia,
fazendo uma política social da época do Marechal Floriano Peixoto, tratando
questão social como questão policial! Mas quem é o senhor para dizer isso?
Então, vamos devagar com o andor porque o
santo é de barro. Vamos devagar, vamos devagar, porque esse governicho de vocês está liquidando com
o País.
Vou voltar à questão local. Ver. João
Dib, veja o seguinte: o DMLU vai abrir uma concorrência, agora, no dia 19, querendo
mecanizar parte da coleta de lixo. Estão há quinze anos no poder e não pensaram
nisso; e agora, quando faltam seis meses para as eleições, vão fazer uma
concorrência internacional de cartas marcadas. Lançaram, no dia 6 de janeiro,
quando esta Casa estava em recesso, o edital, que fizeram em três dias - tempo
recorde. Aliás, eu diria que lá no DMLU, especialmente na gestão anterior, eles
se especializaram em contratos, são pós-graduados em contratos, especialmente
com as empresas de recolhimento de lixo. Eles pagavam R$ 39,45 para recolher a
tonelada de lixo. E depois de tantas denúncias, depois de o Ministério Público
questionar, fizeram uma concorrência e baixou para vinte e oito e pouco reais.
Essa gente é muito séria,
extremamente séria, tanto é que o Tribunal de Contas já apontou que vão ter de
devolver o dinheiro.
Quero falar primeiro da oportunidade:
como é que vão fazer uma concorrência num ano eleitoral para deixar a dívida
para o outro Governo? E a Lei de Responsabilidade Fiscal?
Vejo um faniquito na Bancada Governista
quando começo a falar; eles não param. Fique tranqüilo, Ver. Carlos Pestana,
não há problema nenhum, vamos à luta, vamos debater. Quem tem argumento não
fica com faniquito; vem e discute. Então quero dizer o seguinte: “Tem caroço
nesse angu”, nessa concorrência; a oportunidade não está correta.
Segundo: eu analisei e o mobiliário
urbano não tem essa figura do contêiner, e, portanto, tem que discutir primeiro
e colocar no mobiliário urbano essa questão para depois fazer a concorrência.
Amanhã vai estar aqui o Diretor do DMLU e
espero que ele esclareça, porque é um Pedido de Informações de nossa autoria
que já dista de 30 dias e até agora os documentos não chegaram.
Vou requerer, Presidenta, que V. Exª
conceda à Bancada o Tempo de Liderança para que eu possa terminar o raciocínio.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): V. Exª está em
Comunicação de Líder.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Também quero dizer, meu querido Ver. João
Antonio Dib, que essa questão da Previdência não dá mais para protelar. Esta
Casa tem muitos outros projetos e precisa deliberar sobre eles. Qual é a
posição que nós temos externado nos debates sobre isso? Primeiro, os senhores
sabem, parcela do meu Partido, nacionalmente, não todo o Partido, mas figuras
do Partido, apóiam o Governo do Lula. Não o Partido, mas figuras do PMDB.
Esta Lei da Previdência teve voto
nacional favorável do PMDB, como teve de todos os partidos, e teve parcela do
meu Partido, que votou contra a Reforma da Previdência. Essa Reforma foi equivocada.
Por quê? Porque ela, na verdade, entregou um grande “filé” para as seguradoras
internacionais, e essa foi a finalidade, e daquilo que o PT foi contra a vida
inteira, que era taxar inativo, eles foram lá e taxaram os inativos. Então essa
Reforma não produziu um bom resultado. Nem a da Previdência, e muito menos a
Tributária, que concentrou dinheiro na mão da União, não desonerou o setor
produtivo e não repassou dinheiro aos Municípios e aos Estados.
Veja a questão da previdência dos
municipários – pagavam 4,75% às viúvas; passou para 6,75%, e, agora, eles
querem uma alíquota de 11%. No ano passado o Governo, sem a Reforma da
Previdência, topava votar 9%, e esta Casa sabe disso! Esta Casa sabe disso!
Queriam votar 9%, e, agora, querem votar 11%, e apresentaram um cálculo que é
contestado pelos municipários.
Este Vereador requereu, em primeiro
lugar, depois de a Bancada do PP ter requerido, com pedido deferido pela
Presidência, que se faça um cálculo atuarial independente, que não seja da
Prefeitura, e que não seja, também, dos municipários.
Ora, eu não fui eleito para ser
carimbador ou para fazer só nome de rua. A Constituição engessou e diz que se
tem de votar 11%, isso é uma quebra do princípio federativo. Alguém há de dizer
– o seu Governo na Assembléia aprovou 11% - é verdade! Mas também é verdade que
ninguém fez contrato, dizendo que lá ia votar 11%, e que aqui também tinha de
votar, vamos deixar isso muito claro, também, (Palmas.) para que não se passe
essa questão.
Então, nós estamos numa posição - e
colocamos isso sempre -, que eu acho que o Governo tinha de retirar esse
Projeto de Pauta, tinha de sentar com os trabalhadores públicos, com os
Vereadores desta Casa, e nós todos votarmos esse Projeto. É isso que tem de ser
feito! (Palmas.) Porque, senão, vão usar das manobras regimentais de retirar
quórum. Vereador que fica dentro do plenário e não aperta a tecla para não dar
quórum. Isso não está correto, para não dar quórum, para não votar! Isso não
está correto, isso não pega bem!
Então, nós não queremos surfar na facilidade. Achamos que 6,75%
está aquém da necessidade. Agora, eu quero dizer que, aqui, o Estilac Xavier,
Líder do Governo, assumiu nesta tribuna, que esses quarenta milhões que querem
cobrar - eu vou resgatar e já mandei pesquisar todos os discursos -, quem
pagaria era a Prefeitura. Então, tem de vir aqui, nesta tribuna, e dizer: “Nós
mudamos de opinião”. Porque quem disse aqui, nesta tribuna, foi o Sr. Estilac
Xavier, em nome do Governo, que era 6,75%, e que o Governo pagaria o resto.
Então, quando se muda de posição, não há problema nenhum, vem e explica a sua
posição. Agora, Presidenta, nós temos de votar. Ou vamos votar o Projeto da
Previdência, ou vamos retirá-lo e vamos fazer uma negociação. O que não se pode
é chegar segunda, não se vota nada; quarta, não se vota nada; quinta, não se
vota nada e quem está perdendo com isso é a Cidade. Porque o projeto do COMUDE
está aí, para ser votado; o Código de Limpeza Urbana está aí, que é outro
projeto para ser votado. E tantos outros projetos de importância para esta
Cidade.
Então, nós queremos encerrar e desafiar a
Bancada do Governo para fazer este debate sobre o Governo do Lula, porque este
Governo discursa para os pequenos, mas, na verdade, ele governa para os
grandes, de mãos dadas com eles, extraordinariamente. Portanto, eu quero fazer
este debate com toda tranqüilidade, aqui, neste comparativo, no momento e na
hora que a Bancada continuísta quiser fazer. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Gerson Almeida
está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Sofia
Cavedon.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, não há nenhuma dificuldade para nós em debater qualquer uma das
nossas experiências de Governo e discutir tanto os seus problemas e
dificuldades quanto as suas virtudes. Nós não pretendemos discutir em abstrato
ou sem um critério único. É preciso discutir sobre alguns critérios. Sob o
ponto de vista econômico, as nossas experiências de Governo avançam ou
retrocedem, até porque é preciso fazer com alguma seriedade essa discussão,
porque se nós simplesmente discutirmos a questão do Governo Federal, nós vamos
ver que o corte político que há, nesta Casa, é distinto. Nós não podemos, como
Vereadores e Vereadoras, nos dissociar da função de dirigentes políticos que
somos e dirigentes políticos não-isolados, mas que constituem Partidos, blocos,
constituem um projeto nacional, regional e local, porque senão fica um discurso
muito fácil, de acordo com o Plenário, maior, mais ou menos sensível e a um ou
outro argumento, o discurso muda. Isso pode, realmente, acabar se voltando
contra quem usa esse tipo de procedimento, que é muito raro, inclusive na
Câmara Municipal da Cidade. Por exemplo, podemos pegar qualquer assunto como a
Segurança, que é um tema muito importante e que aflige a todos os cidadãos.
Nós tivemos oportunidade de conversar e
discutir sobre isso com o Ver. Wilton Araújo, com o Ver. Elói Guimarães, com a
Verª Sofia Cavedon, num debate na TVCâmara, em que vimos o seguinte: vir aqui o
caro Ver. Sebastião Melo e fazer o discurso fácil de quem governa para os
grandes com discurso para os pequenos. Olhem os professores, o Magistério
público estadual, numa luta de fibra muito importante - e tenho certeza de que
todos nós concordamos que os professores ganham muito mal para a função
extraordinariamente importante que cumprem -, eles tiveram a força policial do
Estado contra a sua passeata, numa violência que há muitos anos nós não víamos
no Estado do Rio Grande do Sul. Há muitos anos nós não víamos isso. Bom, um
movimento popular que foi agredido duramente numa luta justa.
Outra questão é se o Governo pode quer,
ou não, atender às suas reivindicações. Mas a verdade é que é inaceitável que
as questões populares, as questões sociais sejam tratadas como caso de polícia.
Eu prefiro ser vaiado todas as vezes que venho à tribuna e garantir o direito à
vaia a colocar policiais, cães ou baionetas contra qualquer manifestação
popular e comunitária.
Agora, isso é uma questão que tem de
ordenar as nossas relações. Por exemplo, a questão da Segurança. Hoje - e eu
não entro nem no mérito - entrou a discussão da questão das câmeras de vídeo.
Eu quero dizer que não impugno essa idéia, mas estou preocupado com ela, porque
eu tenho visto que, contra a idéia de segurança ou essa violência se propõe
câmeras de vídeo para filmar os cidadãos, porque nós filmamos todo mundo, não
filmamos só o bandido quando está batendo carteira ou assaltando, todos os cidadãos
são filmados indistintamente. Qual é o uso que é feito dessas imagens? Quem é
que tem garantia de que essas imagens não vão-se voltar contra a intimidade dos
cidadãos? Ninguém garante isso.
Outra questão: contra uma violência
sistêmica no Rio de Janeiro, o que disse um Vice-Governador, não foi alguém sem
responsabilidade, mas o Vice-Governador do Rio de Janeiro, que tem Partido,
inclusive. Disse que é importante cercar a favela da Rocinha, como se todos os
pobres que moram na favela da Rocinha ou em qualquer favela do Brasil fossem
ladrões, tenham de ser confinados como em um gueto! E nós sabemos a política de
guetos no que é que deu!
Inclusive, nesta semana, tivemos, na
Assembléia Legislativa, uma Sessão em homenagem ao povo judeu. É uma Sessão importante
que, todos os anos, deve ser relembrada. A política de guetos é uma política
anti-humana e que não separa aquilo que é justo do que é injusto.
Outra proposta é para a questão urbana:
cercamento das profissionais do sexo da via pública. Vejam, eu receio que nós
estejamos na ausência de um plano de segurança, na ausência de uma política de
segurança. Eu ouvi, também, o Secretário Adjunto da Segurança do Estado dizer
que até março iria apresentar um plano de segurança. Na ausência de um plano de
segurança, nós podemos estar estabelecendo uma escalada contra os direitos
constitucionais, contra os direitos republicanos dos cidadãos. Vejam o que
aconteceu e está acontecendo nos Estados Unidos que, para combater o
terrorismo, todos os inúmeros avanços democráticos, republicanos que a
democracia americana conquistou ao longo de muitas décadas, começaram a ser
violados. Hoje até a correspondência pessoal de qualquer americano pode ser
violada pelo Estado, sem nenhuma evidência de que aquele cidadão seja um terrorista
ou um bandido. Então, convenhamos! Esta é uma questão séria demais para ser
tratada com discursos fáceis e discursos que querem, na verdade, agradar a
platéias ocasionais, mas que podem-se voltar contra aqueles mesmos que hoje os
aplaudem. Ou seja, na defesa da liberdade, tirar a liberdade e tirar a
capacidade de manifestação e de intimidade. E essa é uma conquista democrática
que temos de defender, mesmo em momentos de dificuldade como este. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos à
PAUTA
- DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
1.ª
SESSÃO
PROC. N.º 3011/97 -
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 025/97,
de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que reduz o pagamento do IPTU e do ISSQN de
toda a pessoa física que assumir, oficialmente, menores ou adolescentes
abandonados ou desassistidos, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, no Município de Porto Alegre.
PROC. N.º 1179/91 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 078/91, de autoria do
Ver. Nereu D’Avila, que autoriza o Executivo Municipal a cercar o Parque
Farroupilha.
PROC. N.º 1858/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 073/04, de autoria do
Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto
Alegre ao Senhor Toshiaru Araki.
PROC. N.º 1841/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 072/04, de autoria do
Ver. Beto Moesch, que institui o Programa de Conservação, Uso Racional e
Reaproveitamento das Águas nas edificações.
PROC. N.º 1908/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 077/04, de autoria dos
Vereadores João Carlos Nedel e Aldacir Oliboni, que inclui a Festa de Santa
Rita de Cássia no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.
2.ª
SESSÃO
PROC. 0856/04 -
SUBSTITUTIVO N.º 01, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo,
que dá nova redação ao “caput” do art. 51 da Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre, ao PROJETO DE EMENDA À LEI
ORGÂNICA N.º 001/04, de autoria do Ver. Nereu D’Avila. Com Emenda n.º 01.
PROC. N.º 1456/04 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 058/04, de autoria da Ver.ª
Clênia Maranhão, que concede o título honorífico de Líder Comunitária à Senhora
Elvira Centena da Silva.
PROC. N.º 1607/04 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 059/04, de autoria dos
Vereadores Carlos Alberto Garcia e Dr. Goulart, que institui a Semana da Mulher
e o Prêmio Mulher em Ação, na Câmara Municipal de Porto Alegre.
3.ª
SESSÃO
PROC. N.º 1212/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 048/04, de autoria do
Ver. Aldacir Oliboni, que dispõe sobre a obrigatoriedade da instalação e manutenção
de aparelho desfibrilador cardíaco externo semi-automático em locais públicos e
privados com concentração de pessoas, no âmbito do município de Porto Alegre,
do treinamento para ressuscitação cardiopulmonar e dá outras providências.
PROC. N.º 1488/04 -
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N.º 005/04,
de autoria do Ver. Elói Guimarães, que dispõe sobre a atividade varejista de
produtos perigosos e dá outras providências.
PROC. N.º 1495/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 065/04, de autoria da
Ver.ª Maristela Maffei, que denomina Rua Sol Nascente um logradouro público
cadastrado, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.
PROC. N.º 1530/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 066/04, de autoria do
Ver. João Bosco Vaz, que denomina Rua Guilherme Germano Mros um logradouro
público cadastrado, localizado no Bairro Sarandi.
PROC. N.º 1543/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 067/04, de autoria do
Ver. Carlos Alberto Garcia, que dispõe sobre o estacionamento temporário e
rotativo em frente às clínicas de fisioterapia no Município de Porto Alegre e
dá outras providências.
PROC. N.º 1664/04 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 070/04, de autoria do
Ver. Ervino Besson, que dispõe sobre a implementação das Terapias Naturais no
Município de Porto Alegre e dá outras providências.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, minhas senhoras e meus senhores, desde logo, eu
digo que não sou corregedor de ninguém, mas que este é um dos momentos mais
importantes das Sessões Ordinárias desta Casa, eu não tenho dúvida nenhuma; é
um momento que está consagrado para discutir aqueles Projetos que são
apresentados a esta Casa. Claro que eu tenho as minhas posições e, de repente,
eu acho que a maioria dos projetos apresentados não são necessários.
A nossa Presidenta diz que hoje nós temos
na Pauta 14 Projetos a serem discutidos. E nós temos, na Ordem do Dia, 70
Projetos a serem votos – alguns, do ano de 2000. Mas, tudo bem, nós vamos
continuar votando.
Os municipários, na maioria, cansaram,
porque já viram que hoje nós não votamos nada - e eu já havia anunciado isso há
duas horas.
Vamos falar do primeiro Projeto que está
em Pauta na Sessão de hoje. O Ver. Nereu D’Avila pretende que pessoas físicas
que assumam oficialmente menores ou adolescentes abandonados ou desassistidos,
nos termos do Estatuto da Criança, tenham isenção do IPTU e do ISSQN. Eu acho
que pode ser uma proposição, mas eu penso que é uma agressão a quem faz a
adoção, porque ela se faz por solidariedade humana e por amor; e não porque a
pessoa foi isentada de 300 reais de IPTU por ano. Então, eu não vejo
necessidade deste Projeto, mas, de qualquer forma, ele vai ser discutido; vai
ser votado.
Ver. Nereu D’Avila, hoje, eu tomei
assinatura, mas Vossa Excelência sabe que eu o respeito, sem dúvida nenhuma. O
Ver. Nereu D’Avila quer autorizar o Executivo Municipal a cercar o Parque
Farroupilha. Eu pergunto: alguém está impedindo o Executivo Municipal de cercar
o Parque Farroupilha? Não, se ele quiser, ele o faz. Eu não estou mandando ele
fazer o cercamento, estou dizendo que, se ele quiser, pode fazer, mas ele já
sabe que se quiser fazer, pode fazer. Então, não sei o que é que nós estamos
fazendo com esse Projeto de Lei. É verdade que, se o Prefeito quer, ele cerca.
Eu, quando Prefeito, cerquei a Praça Província de Shiga, e ninguém me disse nada. A Câmara não interferiu, foi uma decisão
prefeitoral. Foi feito e ninguém se incomodou.
Um título de cidadania, eu acho correto,
sem nenhuma dúvida, não tenho nenhuma restrição.
O meu Líder de Bancada, Ver. Beto Moesch,
pretende um Projeto de Lei que institui o Programa de Conservação, Uso Racional
e Reaproveitamento das Águas nas Edificações. A idéia é boa. O Vereador é um
homem que entende de meio ambiente, está preocupado com o problema da água.
Neste ano a água é preocupação da Igreja, inclusive. Mas examinando o Projeto,
vi que ele precisa de uma série de correções e também vi que o nobre Ver. Beto
Moesch não tem nenhuma restrição a que se façam modificações. Como ele disse:
“O Projeto foi apresentado para que possa ser melhorado”. Eu até sugeri, com
tranqüilidade e com isenção, pois é meu amigo, é meu Líder, que conversasse com
o pessoal do DMAE, que é capaz de aproveitar a grande idéia que ele tem. Então,
está aí.
Os Vereadores. João Carlos Nedel e
Aldacir Oliboni incluem a Festa de Santa Rita de Cássia no Calendário de
Eventos Oficiais da Cidade de Porto Alegre. Muito bom! Santa Rita merece as
nossas considerações. Mas há alguém impedindo que se realize a Festa de Santa
Rita de Cássia, que se realiza todos os anos, num domingo, conforme aqui está
colocado? Não. Então, não sei por que fazer uma lei.
Analisei cinco, dei validade para o
Projeto das Águas, sem dúvida nenhuma, o Vereador propõe que se estude, que se
ajude e se colabore com seu Projeto; um é cidadania, não posso dizer o
contrário, é o correto; e, nos outros três, eu não pude fazer a minha aprovação
como eu desejaria, e não sou corregedor de ninguém. Mas chego no início da
Sessão e saio ao final de todas as Sessões. Segunda-feira, quando eu faltei,
causei surpresa para um Vereador que, neste momento, é importante, ele não está
no Plenário. Saúde e PAZ! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. CARLOS PESTANA (Questão de Ordem): Presidenta Margarete
Moraes, solicito verificação de quórum.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Solicito a liberação
do painel eletrônico para que seja verificado o quórum mínimo.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu requeiro a V. Exª que, se não houver
quórum, sejam lidos os nomes dos Vereadores presentes.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Havendo quórum, damos
continuidade ao período de discussão preliminar de Pauta.
O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Srª Presidente Margarete Moraes,
Vereadores e Vereadoras, em Pauta o Projeto do Ver. Nereu D’Avila, que reduz o
pagamento do ISSQN e do IPTU às pessoas físicas que assumirem oficialmente
menores ou adolescentes abandonados ou desassistidos, nos ternos da Lei do
Estatuto da Criança e do Adolescente. Nós
temos um Projeto extremamente polêmico, mas, tendo em vista as grandes
necessidades sociais que o nosso Município vive, merece um estudo aprofundado,
e, por isso a nossa Pauta começa com esse estudo.
O
Sr. Nereu D’Avila: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Sr. Vereador, esta é uma
matéria sobre a qual eu já havia, há anos, legislado, tentado legislar, e houve
aqui forte oposição à época, inclusive da Verª Maria do Rosário, cujo argumento
foi repetido pelo Ver. Dib da tribuna há poucos instantes: que a questão da
adoção é um ato de amor. Tanto é um ato de amor, que eu estou aqui por este ato
de amor. Eu sou adotado. Por isso eu me preocupo.
É evidente que as pessoas não farão - até
seria um insulto pensar que alguém faria – a adoção para ter uma redução aqui,
ali, acolá. Agora, nessa situação que V. Exª conhece, e nós todos conhecemos,
dos meninos de rua que não foi solucionada, que o Prefeito Tarso Genro
prometeu, e o PT, e não solucionou e continua, e outras questões - eu não vou
me alongar para não tirar o tempo de V. Exª Essa alternativa de estimular a
adoção, que é um ato de amor, ninguém jamais faria para receber qualquer
benefício do Poder Público. Mas acho que o Poder Público deve, sim, ser
reconhecido a quem faz isso: diminuir com um ato de amor o número de crianças
abandonadas, os adolescentes abandonados.
A intenção é apenas de conceder o
benefício - como um reconhecimento do Poder Público, que não faz a sua parte -
a quem ajuda a diminuir a incidência de menores de rua. No meu entendimento,
deve haver o reconhecimento do Poder Público. Essa é a intenção do Projeto,
nobre Vereador. Obrigado pelo aparte.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: V. Exª tem razão. A situação dos menores
desassistidos é seriíssima em Porto Alegre. E as entidades sociais não têm mais
recursos e condições de acelerar o atendimento a essas pessoas abandonadas.
Mas eu gostaria de me referir a um Projeto
do Ver. Beto Moesch, que institui o Programa de Conservação, Uso Racional e Reaproveitamento das Águas nas
Edificações. Nós acabamos a Campanha da Fraternidade e vimos a importância da
água para as nossas vidas. Nós também estamos passando por uma seca, por uma
estiagem longa, e vimos como são necessárias as águas para as nossas culturas,
para a nossa agricultura, para produzir alimentos. E nós, muitas vezes, não
aproveitamos a água; usamos mal, gastamos em excesso, não temos nenhum cuidado
com a água. O desperdício é incrível. Eu vejo pessoas com a torneira aberta na
rua e digo: “Não seria bom fechar a torneira?” E respondem: “Eu estou pagando,
a água é minha, o problema é meu, o dinheiro é meu!” Estive numa vila e quase
apanhei de uma senhora, que foi chamar o marido, porque eu estava pedindo que
ela fechasse a torneira; quase apanhei do seu marido! Mas veja que uso racional
da água!
Então, o Projeto merece um estudo
aprofundado, sim, sem dúvida. Talvez possamos fazer algumas colaborações, algum
crescimento neste Projeto, mas, para isto, estamos em período de Pauta: para
analisar e colocar a público os bons Projetos que temos aqui.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. João
Carlos Nedel. O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Srª Presidente, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, eu quero destacar um Projeto que, como está em primeira Sessão de
Pauta, acho importante que a gente se posicione para que até o Vereador proponente
possa estar, quem sabe, discutindo a matéria que lança para o debate na Casa.
Em primeiro lugar, sobre esta mudança da legislação que trata do ISSQN e do
IPTU, no sentido de poder estar construindo a possibilidade de algum tipo de
isenção para esses tributos em relação a famílias que adotam, a famílias que
acolhem crianças e adolescentes. Em primeiro lugar, eu disse diretamente ao
Vereador proponente que achava interessante que os termos do Projeto fossem
mudados, no sentido de que menor é
conceito que se atribui a coisas e não a pessoas. A pessoas se atribui o
conceito de criança e adolescente; menor é conceito que se atribui a coisas. Crianças e adolescentes
não são coisas. Acho que, na escrita do Projeto é possível isso ser atendido,
ser modificado.
Em relação a com que tipo de simbolismo
se constrói a intenção de se dar ou não algum tipo de isenção de tributo a uma
família que adota, eu acho que nós devemos fazer a discussão a partir da
capacidade econômica dessa família e da possibilidade de auxílio, ou não, à
família que necessita.
Existem programas, no Brasil, nos quais o
Estado apóia famílias que acolhem crianças ou adolescentes. Esta proposta não é
uma proposta descabida; existem programas, em várias cidades do País, em que as
famílias que acolhem crianças ou adolescentes são apoiadas pelo Poder Público.
Eu acho que por essa ótica é que se deve fazer a discussão sobre este Projeto.
Em relação ao Projeto do cercamento do
Parque Farroupilha, nos anos em que estou nesta Casa, desde de 1996, eu já vi
quase que uma dezena de vezes esse debate vir à tribuna, por proposições as
mais diferentes.
Hoje - está comprovado -, não só em Porto
Alegre, mas nos principais centros urbanos, internacionais inclusive, os
grandes parques, ao invés de serem cercados, estão tendo derrubados os seus
muros. Por exemplo, o Central Park. O Central Park tinha toda uma realidade de
cercamento; de quatro ou cinco anos para cá, vem sendo construída uma
possibilidade de diálogo, de convivência maior entre as comunidades que o
cercam e a realidade de utilização do Parque.
Eu acho que a questão da segurança
pública - a questão do cercamento, para o debate em relação ao Parque
Farroupilha, está diretamente ligada à segurança pública - pode ser atendida
por um conjunto de outras ações do Poder Público, como iluminação, ampliação e
capacitação do serviço de guarda-parque, de policiamento ostensivo no Parque.
Buenas,
há um conjunto de ações que podem ser feitas, no sentido de dar segurança ao
cidadão que usufrui daquele Parque. Agora, o cercamento, em vez de trazer a
sensação de segurança – e é isso que se discute na maioria dos lugares –, ele
traz o perigo, porque tu cercas, tu botas dentro de uma clausura um espaço como
esse, e aí, sim, tu possibilitas que lá dentro aconteçam horrores e que não
possa haver controle, não possa haver intervenção, não possa haver no mínimo a
possibilidade de segurança aos cidadãos que circulam, que não possam estar
fazendo o controle social de um espaço desses.
Portanto, eu acho, para finalizar, que a
proposta de cercamento do Parque Farroupilha - novamente venho a dizer isso
aqui - não se sustenta. Porque ela tem um mérito na sua intenção, o de tratar
da questão da segurança, mas ela provoca insegurança, e, portanto, nós temos de
discutir outras ações em relação ao Parque Farroupilha.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Alberto
Garcia está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, hoje estão tramitando dois Projetos de minha
autoria, um relativo ao estacionamento rotativo em frente às clínicas de
fisioterapia, para que os pacientes portadores de necessidades especiais possam
descer dos seus carros, irem até a clínica, e depois, sim, procurar um
estacionamento mais adiante.
Mas eu vou-me deter num Projeto
especificamente, o do Ver. Nereu D'Avila, que é sobre o cercamento do Parque
Farroupilha. O Ver. Nereu tem um Projeto desde 1992, doze anos, e o Ver. Nereu
sabe que eu tenho uma posição contrária. No ano passado, inclusive, nós
ingressamos com um Projeto aqui na Câmara, prevendo a possibilidade de fazermos
um plebiscito em Porto Alegre, e somente mediante plebiscito consumar o
cercamento. Então, não seria mais da nossa instância, aqui dos Vereadores; a
população é que decidiria. Claro que isso teria de passar antes pelo Conselho
de Desenvolvimento Urbano da Cidade.
Essa questão do cercamento da Redenção,
do Parque Farroupilha, tão discutido, tão decantado, eu sempre tenho debatido,
primeiro, porque a extensão da área é enorme, são 37 hectares, e o custo disso
seria altíssimo. Quem arcaria com essas despesas? Inúmeras vezes vêm Vereadores
aqui para dizerem que há inúmeros parques que são cercados. Realmente, eu
conheço alguns parques cercados. E sempre que eles vêm aqui dão o exemplo do
Parque do Ibirapuera que é cercado, mas coincidentemente, por ser um Parque
cercado, o maior crime, nos últimos anos, que ocorreu no Brasil, ocorreu
exatamente no Parque do Ibirapuera, de onde saiu o “Maníaco do Parque”, que
matou 12 mulheres. E aí vamos discutir, quer dizer, o Ibirapuera fechado, e o
“Maníaco do Parque” matou 12 mulheres naquele Parque fechado.
Eu também sempre pergunto, questiono,
quem é que vai ao Parque Farroupilha de madrugada? Não é o cidadão normal, o
usuário. Então, eu acho que nós temos de nos preocupar com tantas outras
coisas, e ainda nós vamos nos preocupar com a questão do cercamento, que, volto
a dizer, é um custo financeiro muito alto, que poderia ser investido em outras
ações de cunho social. Mas é um assunto sobre o qual debato desde o meu
primeiro mandato, desde 1997, tenho discutido sobre isso e, no ano passado,
fizemos uma consulta popular inclusive lá no local.
Volto a dizer: nós já vivemos cercados em
todos os segmentos. Se observarmos a própria história, o que era comum na Idade
Média? Em volta das cidades havia construções, muros, e alguns portões centrais
onde cobravam pedágio para que as pessoas pudessem transitar. Do ponto de vista
que, quem estava dentro, estava seguro. Hoje, numa analogia menor, o que nós
fazemos é exatamente isso, ou seja, a nossa casa é cercada, há grades por todos
os lados, há cerca elétrica, nos nossos condomínios ocorre a mesma coisa. Um
dos poucos locais onde temos a liberdade de locomoção são os parques públicos,
e alguns os querem cercar.
O
Sr. Nereu D’Avila: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, eu gosto dos argumentos de V. Exª, porque eles são
plausíveis, e o contraditório é o esteio da democracia. Agora, Vereador, o meu
sentimento é o sentimento de que em Curitiba; em São Paulo, o Ibirapuera; no
Rio, o Parque Guile; em Belo Horizonte, o Parque Lage, e agora a minha querida
amiga e grande socióloga Lícia Peres, trouxe-me de Salvador dados sobre um
outro parque, onde a salvação dos monumentos exatamente foi o cercamento do
parque - eu até não vi ainda o material que ela trouxe. Então, o meu aparte é
no seguinte sentido: eu respeito, e a democracia é boa, mas eu acho que um dia,
até pela preservação do patrimônio, terá de ser cercado.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Por isso, Vereador, que eu falei há
poucos minutos, a questão do Ibirapuera, que é um parque cercado, foi onde
ocorreu o homicídio de 12 pessoas, pelo Maníaco do Parque.
O
Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.)
Eu só quero dizer o seguinte: está tudo
errado! É uma concepção completamente deformada, apesar do escopo e da
finalidade que pretende o Ver. Nereu D’Avila.
Na realidade, Ver. Garcia, o cercamento
vai agravar a situação do Parque da Redenção. Quem conhece o Parque da Redenção
é quem diariamente vai lá, não é quem visita!
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: V. Excelência está reforçando a minha
idéia, mas eu acho que essa é uma grande discussão e eu volto a dizer: eu acho
que a questão do plebiscito vai resolver, em parte, esse problema. Muito
obrigado, Srª Presidenta.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Nós sabemos que a
Sessão vai-se desenvolver até às 18h46min. Nós estamos aqui em número superior
ao necessário para entrar na Ordem do Dia. Inobstante, está convocada para este
Plenário uma reunião com eleição no Conselho do Plano Diretor. Então, eu vou
requerer a V. Exª, ouvidas várias Lideranças, que, após encerrada a Pauta,
garantida a palavra aos oradores, V. Exª levante os trabalhos, de vez que, se
for verificada a Ordem do Dia, nós não daremos quórum para isso, porque
queremos respeitar os compromissos que a Casa assumiu com os participantes do
Conselho do Plano Diretor.
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação o
Requerimento apresentado pelo Ver. Reginaldo Pujol. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade dos presentes.
Portanto, o último Vereador inscrito em
período de discussão de Pauta é o Ver. Guilherme Barbosa, ele é o quinto orador
inscrito.
O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir a Pauta.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Obrigado, Srª Presidenta Margarete
Moraes, colegas Vereadores e Vereadoras, neste período de Pauta, venho discutir
um Projeto que considero muito interessante, polêmico, mas que, com certeza,
tem um mérito muito forte. É um Projeto do Ver. Beto Moesch, já discutido aqui
por outros Vereadores, que institui o Programa de Conservação, Uso Racional e
Reaproveitamento das Águas nas Edificações. É, de fato, uma preocupação
fundamental não só para o momento em que nós vivemos, mas, com certeza, para o
próprio futuro da nossa Cidade, do País, enfim, do planeta, e traz alguns
conceitos importantíssimos no que diz respeito às edificações, às
possibilidades de complementos de instalações nas edificações que permitam que
haja o melhor uso da água. No entanto, eu quero já dizer ao Ver. Beto Moesch
que esse tema está muito ligado a uma Lei Complementar do Município chamado
Código de Posturas, e, quem sabe, então, consultando o setor Jurídico da Casa,
se possa trabalhar com relação ao Código de Posturas, e não exatamente uma Lei
Ordinária quanto é esta. Depois, no art. 5º, no Parágrafo Único, está dito:
“Nos condomínios, além dos equipamentos para o combate ao desperdício de água,
serão instalados hidrômetros para medição individualizada do volume de água
consumido”. Já existe uma Lei de minha autoria que determina exatamente isso
que o Projeto pretende, que haja a medição individualizada, em discussão com o
DEMHAB, não abrangeu todas as edificações, aqueles prédios com até três
pavimentos e os condomínios horizontais. Então, isso que pretende o Parágrafo
Único do art. 5º já existe em Lei, vigendo na nossa Cidade.
O
Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, ex-Diretor do DMAE, eu acho muito
importante a proposição do Ver. Beto Moesch, que deve ser estudada, e em muita
profundidade, agora, não colocado no Código de Posturas. Agora, quanto aos
medidores que aí estão incluídos, estava aguardando a volta de V. Exª, porque
eu acho que nós dois devemos ao Engº Ledur uma explicação sobre a Lei de
autoria de V. Exª e as dificuldades da implantação. Mas eu acho que não cabe no
Código de Posturas, deve ser uma matéria de forma isolada.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Bom, há uma discordância do método. Com
relação aos hidrômetros já existe Lei; algumas questões que são colocadas no
futuro e nós podemos melhorá-las. Mas o princípio é absolutamente fundamental:
que se pague aquilo que se gasta, da mesma forma que nós pagamos na energia
elétrica o que cada um consome. Não é justo, num condomínio, que quem mora
sozinho, que tem uma família pequena, que muitas vezes controla a água, pague
exatamente o que paga uma família grande, que desperdiça ou consome muito. Esse
é um principio fundamental de justiça.
Quero, também, comentar o artigo 10º, que
diz “As águas servidas serão captadas, direcionadas através de encanamento
próprio e conduzidas a reservatórios destinados a abastecer as descargas de
vasos sanitários ou mictórios”.
E define o que são as águas servidas
(Lê.): “Águas servidas - são águas que foram utilizadas em tanques, pias,
máquinas de lavar, bidês, chuveiros, banheiros, e outros equipamentos”.
Ver. Beto Moesch, aqui há uma
discordância de fundo, porque imagine que uma água servida em banheiro, uma
água servida em bidê não pode voltar a ser usada, mesmo que seja em vaso
sanitário. Evidentemente que haverá muita água contaminada, e vamos estar
dentro da residência, dentro do banheiro, com uma água com a possibilidade de
contaminação.
Então, estou aberto à discussão.
Concordamos com o mérito, mas achamos que há vários aspectos a serem
melhorados. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Tendo em vista
deliberação anterior proposta pelo Ver. Reginaldo Pujol, encerro os trabalhos
da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h43min.)
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